ERA DOS MAMÍFEROS

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O FIM DA PANGEIA, A EXTINÇÃO CRETÁCEO-PALEOGENO E A ASCENSÃO DOS MAMÍFEROS

Como também pode ser visto em 

, o desaparecimento desses répteis gigantes foi responsável pela ascensão de outro grupo de animais que hoje ocupa quase todos os biomas do planeta. Mas até chegarmos nesse ponto, vamos aqui relembrar alguns eventos que possibilitaram o domínio dos dinossauros sob a superfície terrestre por milhões de anos. 

Assim como podemos notar em 

, há cerca de 335 milhões de anos, as massas continentais se juntaram próximas à atual Linha do Equador formando a Pangeia. Este supercontinente em formato de C possuía climas bem delimitados, como você também pode observar em 

: úmido nas bordas (em contato com o mar), árido e desértico na parte central. Nessas condições peculiares, os répteis saíram na frente: conseguiram se adequar à falta de água adotando uma reprodução por meio de ovos e regulando sua temperatura corporal interna por meio de um sistema ectotérmico de termorregulação. Por essa razão, o consenso científico é de que o Mesozoico (era do éon Fanerozóico que vai de 250 a 66 milhões de anos atrás) foi a “Era dos Répteis”.

O Mesozoico é conhecido como a era dos répteis. Fonte da imagem: conhecimentocientifico.r7.com 

Os mamíferos, por sua vez, eram muito dependentes da água para sobreviver. E a vida num ambiente desértico, com predadores adaptados ao clima seco, não era uma tarefa tão fácil. Você sabia que os dinossauros que predominavam no Mesozoico (em sua maioria não-avianos) podiam chegar a uma estatura 10 vezes maior que a de um humano? Por essa razão, era quase impossível competir pelos mesmos ambientes que esses animais ocupavam - pelo menos até mais ou menos 66 milhões de anos atrás. A Extinção Cretáceo-Paleogeno (ou Extinção K-T) ocorrida nesse período marcou o fim da era Mesozoica. 

Você sabia que a hipótese do meteorito que extinguiu os dinossauros não-avianos foi proposta por um dos cientistas responsáveis pelo Projeto Manhattan que, em 1945, desenvolveu as bombas atômicas jogadas nas cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki na Segunda Guerra Mundial?

O físico nuclear e inventor estadunidense Luis Alvarez (1911-1988) - um dos integrantes do projeto que culminou na destruição das duas cidades japonesas na Segunda Guerra - supôs, em 1980, que um evento de grandes proporções ocorreu no final do Mesozoico, partindo da análise de substratos rochosos da Península de Yucatán, no México. Junto de seu filho, o geólogo Walter Alvarez (1940-), ele identificou uma forte presença de irídio em rochas datadas da Extinção K-T. Esse metal, pouco abundante em nosso planeta, é muito comum em corpos celestes como asteroides e cometas. Tais evidências reforçam a teoria de que a queda de um corpo celeste foi a responsável pela extinção de grande parte da biodiversidade do planeta, incluindo os dinossauros não-avianos, como pode ser visto em 

Luis Walter Alvarez é o responsável pela proposição da teoria de que um evento de grandes proporções ocorreu no final do Mesozoico. Fonte da imagem: Wikipedia 

A colisão do meteoro não provocou apenas alterações geológicas no planeta. Outro resultado imediato de sua queda foi a dispersão de irídio ao longo de toda superfície do globo, formando uma grande “nuvem de poeira”. Essa nuvem causou uma grande reação em cadeia, abalando a estabilidade dos ecossistemas e extinguindo diversas espécies animais e vegetais ao longo de milhões de anos. A impossibilidade da passagem de luz solar suficiente para a realização da fotossíntese pelos seres fotossintetizantes causou a extinção de diversas espécies vegetais e, em consequência, a morte de animais herbívoros. Com a ausência dos herbívoros e a falta de alimento para os animais carnívoros, a cadeia trófica foi seriamente comprometida, causando o desaparecimento dessas espécies. Outro fator dificultante foi a dimensão dos dinossauros não-avianos. A maioria deles era de grande porte e necessitava de uma grande quantidade de nutrientes para se manter vivo. Com essa mudança ecológica abrupta, tais animais foram os principais afetados pela escassez de alimento. 

O fim do Mesozoico é marcado pela Extinção Cretáceo-Paleogeno e pela fragmentação da Pangeia. Aqueles que conseguiram sobreviver com menos se sobressaíram e reocuparam a Terra, preenchendo os nichos vagos deixados pelos dinossauros: estamos falando deles, os mamíferos.

A ERA DOS MAMÍFEROS: O COMEÇO DE UM NOVO TEMPO

Baleia-azul, girafa, elefante africano e urso polar: para você, o que esses animais têm em comum?

Para desvendarmos os mamíferos precisamos reforçar que ao longo de milhões de anos a Terra passou por diversas transformações ambientais, geológicas e climáticas que influenciaram os processos adaptativos de plantas e animais. Desde as cianobactérias, que encontraram brechas em substratos rochosos para se desenvolverem há 3,5 bilhões de anos (o que pode ser percebido em 

), passando pelas cooksonias do período Siluriano (presentes em 

), até os dinossauros não-avianos na Pangeia, os seres vivos têm encontrado maneiras infinitas de se adaptarem às adversidades de um planeta até hoje em constante mudança. 

O Urso Polar é um exemplo de mamífero. Fonte da imagem: Hans-Jurgen Mager/Unsplash 

O início da era geológica conhecida como Cenozoico, há 65,5 milhões de anos, é caracterizado pela ascensão dos mamíferos na Terra. Com o desaparecimento dos dinossauros não-avianos, esses animais encontraram espaço para se adaptarem aos diversos ecossistemas e se diversificarem. Foi também nesse período histórico que surgiram as savanas e houve um aumento de flores e vegetação rasteira. Inclusive, alguns estudos [QUE ESTUDOS FORAM ESSES?] apontam que o surgimento e o desenvolvimento de mamíferos herbívoros (tais como cavalos, vacas e outros) deu-se por conta do aumento dessa vegetação, melhor exemplificada com a grama.

Como também pode ser observado em 

, os mamíferos são divididos em três grupos: metatérios, monotremados e placentários. Dentre eles, as espécies placentárias compõem a sua maior parte. Também conhecidos como eutérios, sua característica mais marcante é a gestação placentária, que consiste numa forma de reprodução no qual o embrião é gerado pela união do espermatozoide e do óvulo dentro do sistema reprodutor da fêmea. E um dos mamíferos eutérios que fazem parte do acervo do Museu de História Natural do Sul do Espírito Santo (MUSES) é o popularmente conhecido por mão-pelada.

Os elefantes são exemplos de mamíferos eutérios. Fonte da imagem: Hu Chen/Unsplash 

O MÃO-PELADA DO MUSES E A DIVERSIFICAÇÃO DOS MAMÍFEROS

Uma das peças taxidermizadas que compõem o acervo do MUSES é a do mão-pelada (Procyon cancrivorus), onívoro que está distribuído geograficamente em diversos biomas brasileiros, tais como: Cerrado, Amazônia, Caatinga, Pantanal, Mata Atlântica e Pampas. Além disso, esse animal, também conhecido como cachorro-do-mangue, jaguacinim, jaguacampeba, pode ser encontrado na região da Costa Rica e no Norte da Argentina e do Uruguai.

O mão-pelada exposto no Muses. 

Uma curiosidade relacionada ao mão-pelada: você sabia que essa espécie foi descrita pela primeira vez em 1798 pelo naturalista e zoologista francês Georges Cuvier (1769-1832)? Forte opositor à Teoria da Evolução, publicada pelo naturalista inglês Charles Darwin (1809-1882) em 1859, Cuvier foi também conhecido por perpetrar teses científicas racistas de superioridade da raça branca, baseando-se em comparações entre corpos africanos negros e primatas. Estes estudos acerca da anatomia humana constituíram referências que favoreceram a perpetuação do racismo nos séculos seguintes, influenciando fortemente as políticas que promoveram a eugenia e segregação racial em países como o Brasil, como podemos observar em

Voltando aos mãos-peladas, eles possuem uma pelagem acinzentada e um pouco volumosa em boa parte do corpo. Entretanto, essa coloração é pouco evidente nas suas patas, devido ao tamanho curto dos pelos nessas regiões. Essa peculiaridade nos dá a impressão de que o animal está com as patas despidas e peladas, daí o nome “mão-pelada”.

Os animais dessa espécie podem medir entre cerca de 60cm a 1m de comprimento, contando com a calda. Sua alimentação é basicamente composta pela ingestão de crustáceos, alguns anuros (sapos), aves, peixes, moluscos etc. e, além disso, são bons dispersores de sementes. Apesar dos hábitos solitários, machos e fêmeas se juntam para a reprodução, que pode ocorrer uma vez por ano, entre os meses de julho e setembro.

O mão-pelada, também conhecido como “cachorro-do-mangue” ou “guaxinim”. Fonte da imagem: Wikipedia 

O mão-pelada é uma espécie solitária, que possui hábito noturno e ocupa tanto áreas de reserva florestais quanto ecossistemas com a presença de humanos. Segundo a União Internacional para Conservação da Natureza (IUCN), desde 2015 essa espécie se encontra com baixo risco de extinção. Contudo, a avaliação também indicou que a tendência populacional desses mamíferos está diminuindo, um alerta, já que ao perder população o risco de extinção aumenta.

Como vimos, até hoje não se sabe ao certo o que fez com que os mamíferos conseguissem sobreviver à extinção em massa no final do período Cretáceo. Contudo, o que se tem conhecimento é que esse acontecimento foi um marco para a diversificação da classe mamífera. Atualmente, podemos concluir que esse grupo de vertebrados - do qual fazem parte alguns dos maiores animais sob a Terra, como as baleias-azuis, girafas, elefantes africanos e ursos polares - é predominante em nosso planeta, ocupando quase todos os continentes. Mas antes disso, especificamente no período Neogeno entre 23 a 2,3 milhões de anos atrás, os mamíferos atingiram um pico até então inédito em sua diversificação. Foi nesse momento que apareceram os primeiros ancestrais da espécie humana.

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Published in 16/06/2021

Updated in 27/09/2021

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