EXTINÇÃO DOS DINOSSAUROS NÃO-AVIANOS E DIVERSIFICAÇÃO DOS DINOSSAUROS AVIANOS

66000001 BCE (Circa)View on timeline

NOSSOS VIZINHOS, OS… DINOSSAUROS?

Jurassic Park (1993), A Família Dinossauros (1991-94), Os Flintstones (1960-66), Em Busca do Vale Encantado (1988-2016)… Se você já assistiu a alguma dessas produções consegue ter uma noção do que eram os dinossauros antes de serem extintos, certo?! Mas você sabia que podemos encontrá-los ainda hoje? Para vê-los, propomos que você embarque numa grande expedição pelo… seu bairro! Sim, é isso mesmo! Para vermos um dinossauro de perto, nós não precisamos necessariamente visitar um museu. Na verdade, eles estão mais perto de nós do que podemos imaginar. Podemos vê-los da janela, voando pelo céu neste momento, ou até mesmo no jardim do lugar onde você mora.

Os dinossauros podem estar mais próximos do que você imagina… Fonte da imagem: Johannes Plenio/Pexels 

Você deve estar se perguntando: mas e o tal asteroide de muito tempo atrás, não tinha extinguido esses temíveis gigantes? Sim e não. Como você também pode observar em 

, foi no final do período conhecido como Cretáceo que os dinossauros atingiram seu ápice na escala adaptativa. Mas para entendermos melhor como isso se deu, vamos voltar no tempo, aproximadamente 66 milhões de anos atrás.

DINOSSAUROS: DA EXTINÇÃO À DIVERSIFICAÇÃO

Como pode ser visto em 

, as transformações provocadas pelas colisões de meteoritos e asteroides na superfície terrestre foram diversas e, por vezes, colocaram espécies de animais e vegetais inteiras sob o risco de extinção. No final do período Cretáceo (que está compreendido entre 145 e 66 milhões de anos atrás, aproximadamente) ocorreu um dos mais marcantes desses eventos, relacionado à extinção de répteis gigantes, conhecidos como “dinossauros”.

Os estudos científicos acerca dos dinossauros iniciaram em 1822, com a descoberta do primeiro dente fóssil (de um iguanodon) pelo paleontologista britânico Gideon Mantell (1790-1852) e, em 1824, com a descrição completa de um megalossauro, feita pelo geólogo e paleontólogo britânico William Buckland (1784-1856). Contudo, a nomenclatura “dinossauro” como conhecemos hoje só veio anos depois, em 1842, com a publicação das descrições científicas do biólogo e paleontólogo britânico Richard Owen (1804-1892). Apesar da origem em um termo em latim que significa “lagarto terrível”, os dinossauros não eram ancestrais próximos dos lagartos. 

Em 1980, os cientistas Luis (1911-1988) e Walter Alvarez (1940-) propuseram uma das teorias mais aceitas sobre a extinção dos dinossauros não-avianos. Segundo ela, por volta de 66 milhões de anos atrás, quando diversos grupos de dinossauros como os terópodes, pterossauros, saurópodes coexistiam na Terra, um asteroide de grandes proporções colidiu com o nosso planeta, mudando o curso da evolução não só desses animais, mas de toda a vida existente até então. Anos depois, a geóloga e paleontóloga Gerda Keller (1945-) aprimorou essa teoria indicando a ocorrência de erupções vulcânicas de altas proporções no local onde hoje fica a Índia. Além de um desequilíbrio ecológico gigantesco, esses eventos culminaram na Extinção Cretáceo-Paleogeno, que eliminou cerca de 75% das espécies animais terrestres e marinhas que existiam na época, entre elas todas as famílias de dinossauros não-avianos, como os tiranossauros, os triceratops e os dinossauros bico de pato.

A colisão de meteoros e asteroides com a Terra levou à extinção de 75% das espécies de animais terrestres e marinhas que existiam no período Cretáceo-Paleogeno. 

Mas, bem, se os dinossauros ainda estão entre nós hoje, quais deles sobreviveram à queda desse meteorito no final do Cretáceo? A resposta é: os terópodes, alguns animais de pequena estatura dentre os quais fazem parte… as aves!

Theropoda (terópodes) é uma subordem de dinossauros bípedes formada por carnívoros e omnívoros de pequeno porte. As aves fazem parte desse grupo sobrevivente. Com a Extinção Cretáceo-Paleogeno, essas espécies passaram por um grande processo evolutivo e se diversificaram até chegarem às aves que conhecemos hoje. Desse processo de diversificação dos dinossauros avianos surgiram as galinhas, patos, pardais, jacupembas e narcejas. Ou seja, as aves são dinossauros avianos.

O processo de diversificação dos dinossauros avianos originou as galinhas, patos, pardais e diversas outras aves. Fonte da imagem: Achim Bongard/Pexels 

OS DINOSSAUROS DE ONTEM SÃO AS AVES DE HOJE

Lembrados por serem excelentes voadores, os dinossauros avianos, ou as aves, constituem um elo com aqueles dinossauros que vemos nas histórias, livros e filmes. Esses dinossauros dos dias atuais possuem adaptações corporais bem específicas resultantes de um longo processo evolutivo, tais como: peito largo, com ossos e músculos ajustados leves, ventilação pulmonar que beneficia o voo e, é claro, a modificação dos membros anteriores em asas. Saber o nome de três aves que você conhece e que possuam essas habilidades não deve ser tão difícil, né? Essas características corporais específicas das aves podem fazer com que algumas espécies desenvolvam a habilidade do voo, mas essa não é uma regra. Você se recorda de alguma ave que não voa? Ou mesmo que vive em ambientes aquáticos? Ou aves de hábitos noturnos? 

Um exemplo de ave que é exceção no aspecto voo é o pato. Pertencentes à ordem Anseriformes, junto com os gansos e cisnes, os patos vivem em ambientes lacustres e se alimentam do que há de disponível na água, já que não conseguem voar para longe para achar mais alimento. Diferente de seus parentes cisnes, esses animais não possuem a habilidade de voar. Por isso, desenvolveram algumas outras adaptações para escapar de predadores terrestres, se escondendo na água, por exemplo. 

O pato é uma das aves que não conseguem voar longas distâncias, desenvolvendo assim outras habilidades para se proteger dos predadores. Fonte da imagem: Ellie Burgin/Pexels 

Outro bom exemplo de ave aquática é o pinguim. Como podemos ver em 

, eles são exímios nadadores que, apesar de serem comuns nas águas frias da Antártida, às vezes aparecem na costa do Espírito Santo. Pertencentes à ordem Sphenisciformes, ao longo do processo evolutivo os pinguins perderam completamente a capacidade de voar, mas desenvolveram a habilidade de nadar, tornando-se excelentes nadadores dos mares do Polo Sul. No entanto, se por um lado são ótimos no nado, por outro não são muito bons em caminhar. Andam de forma desengonçada, o que leva a recorrentes quedas. Outra curiosidade sobre os pinguins é o seu o processo de reprodução. Nele, os machos cuidam dos ovos enquanto as fêmeas caçam alimento, numa dieta basicamente feita de peixes. Além disso, os pinguins possuem um cuidado parental muito extenso, formando uma família bem solidificada até que o filhote seja independente para procurar seu par.

Se os pinguins recebem a fama de aves nadadoras, as corujas, por sua vez, ficam com o título de aves noturnas. Boa parte dos animais, aves ou não, naturalmente possuem hábitos diurnos. Contudo há espécies que desempenham melhor seu papel natural à noite. Componentes da ordem Falconiformes, as corujas possuem diversas adaptações ao ambiente noturno que as tornam excelentes caçadoras, assim como os falcões e águias. Seu corpo possui diversas adequações que tornam a busca por alimentos mais efetiva à noite: olhos extremamente adaptados à baixa luminosidade e sistema acústico que permite que elas recebam sinais auditivos com mais eficiência. Por exemplo: a audição das corujas é tão apurada que, segundo uma reportagem da revista Super Interessante, há experiências científicas que comprovam que uma coruja, ainda que cega, é capaz de capturar sua presa apenas pela audição, enquanto que uma coruja parcialmente surda teria suas habilidades de caça limitadas.

Diferente da maioria das aves, as corujas possuem hábitos noturnos, sendo eximias caçadoras mesmo durante esse período. Fonte da imagem: Stefan Messing/Pexels 

Observamos aqui que foram muitas as adaptações que as aves desenvolveram para ocupar os diversos nichos que os pterossauros (dinossauros alados) também apresentados em

, deixaram vagos após a Extinção Cretáceo-Paleogeno. Mas de onde surgiram essas espécies? Qual a relação delas com os dinossauros não-avianos?

DINOSSAUROS NÃO-AVIANOS: OS PRIMEIROS DINOSSAUROS

Os dinossauros não-avianos eram considerados os primeiros dinossauros. Evolutivamente, a origem dessas espécies é de um grupo dentro dos Archosauria chamado Dinosauria, que inclui todos os descendentes dos primeiros dinossauros. Teorias científicas recentes apontam que no decorrer da cadeia evolutiva desses animais houve uma divisão em dois subgrupos: Saurischia e Ornithischia. O tiranossauro e o velociraptor, por exemplo, pertenciam aos Saurischian, do qual também se originaram as aves. 

Mas o que isso significa? Que, evolutivamente, os tiranossauros estão muito mais próximos das aves que chegaram a nós hoje. Por meio de análises genéticas, comprovou-se uma semelhança nos genomas desse gigante carnívoro e das aves atuais, já que estas evoluíram dentro do grupo dos Theropoda, o mesmo grupo do T. rex

O Tiranossauro Rex está muito próximo das aves que temos hoje. Fonte da imagem: jcoope12/Pixabay 

Uma curiosidade sobre os dinossauros não-avianos é que nem todos possuíam hábitos carnívoros. Os saurópodes, por exemplo, eram herbívoros de pescoços longos, tais como as girafas de hoje. Essa característica permitia que eles alcançassem a copa das árvores, alimentando-se das folhas que outros herbívoros não conseguiam alcançar. Outro herbívoro não-aviano era o triceratops. Com “chifres” na região do crânio, essa espécie se alimentava de pequenos arbustos, contando com uma dentição especializada em macerar as folhas das plantas que se encontravam mais próximas ao chão.

O T. REX: O DINOSSAURO NÃO-AVIANO NO MUSES

O Museu de História Natural do Sul do Estado do Espírito Santo (MUSES) possui hoje alguns fósseis de dinossauros não-avianos, como o tiranossauro. Doada à instituição por [INSERIR INFORMAÇÕES ADICIONAIS], a cabeça de tiranossauro é uma réplica [INSERIR INFORMAÇÕES ADICIONAIS] e possui [INSERIR INFORMAÇÕES ADICIONAIS] cm de comprimento. Mas vamos entender mais sobre esse que é um dos maiores predadores carnívoros do Cretáceo.

Réplica da cabeça de um Tiranossauro Rex exposto no Muses. 

Assim como os velociraptors, o famoso Tyrannosaurus rex pertencia ao grupo dos Theropoda, apresentando membros posteriores (“pernas”) bem desenvolvidos e membros anteriores (“braços”) reduzidos. Mas você sabia que esse carnívoro possuía uma das mordidas mais fortes que já existiu na história dos animais? Estima-se que a mordida de um tiranossauro podia alcançar a marca de 57.000N. Isso seria equivalente a, mais ou menos, seis toneladas, o suficiente para quebrar ossos!

Mas em contraposição a seus músculos extremamente poderosos e à sua cabeça enorme e cheia de dentes, os tiranossauros tinham braços muito curtos em relação ao seu tamanho corporal. Ainda não há uma conclusão definitiva sobre a função desses membros tão pequenos. Antigamente acreditava-se que os braços do T. rex eram apenas restos da evolução dos terópodes e que, portanto, não tinham nenhum propósito além de ser um órgão vestigial, assim como é o apêndice humano hoje. Outra hipótese é de que esses órgãos seriam utilizados no processo de acasalamento, não sendo muito claro qual seria sua função. Ou de que as garras desses braços serviriam como auxiliares durante a caça, agindo junto com os dentes para gerar mais ferimento na presa. Além disso, esses animais possuíam uma longa e rígida cauda longa, que auxiliava no seu equilíbrio. 

Mas você já imaginou se os tiranossauros tivessem penas? Descobertas mais recentes revelaram que alguns dinossauros não-avianos também chegaram a apresentar penugem. Há registro da presença dessas estruturas em ancestrais não-avianos como os Tyrannosauridae, que ocorreram bem antes das aves. Além das penas, os terópodes não-avianos também apresentaram outras características das aves, como os ossos ocos depois do crânio e o modo de respiração muito similar a de dinossauros avianos.

NARCEJA: O DINOSSAURO AVIANO DO MUSES

Outra peça que compõe o acervo do MUSES é a narceja: um dinossauro aviano também conhecido como Agachada, Agachadeira, Atím, Batuíra, dentre outros nomes. O objeto exposto no museu é taxidermizado, permitindo aos visitantes uma experiência com a espécie muito próxima da real. 

Narceja taxidermizado exposta no Muses. 

As narcejas pertencem à ordem Charadriiformes, a segunda mais diversa dentro do grupo das aves. Como a maioria das aves, essa espécie possui penas, porém com um padrão bem excêntrico de coloração: peito predominantemente branco e a parte de cima do corpo mesclado entre tons de marrom e branco. Além disso, possuem um bico longo em relação ao tamanho do corpo, muito útil para um hábito alimentar que consiste basicamente em caçar insetos e minhocas. 

Na fase adulta, essa espécie pode medir entre 27 e 29cm de comprimento, pesando em média 110kg. O tempo de eclosão dos ovos dessas aves é de cerca de 19 dias e os filhotes abandonam o ninho logo após saírem do ovo.

A Narceja e sua penagem excêntrica. Fonte da imagem: wikiaves.com.br 

As narcejas costumam viver em ambientes pantanosos, com muita umidade. Com exceção da região central e norte à Cordilheira dos Andes, essas aves estão distribuídas por quase toda a América do Sul. Atualmente o status do Estado de Conservação da narceja ocupa um nível “Pouco Preocupante (LC)”, segundo a avaliação feita pela União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN) em 2016. Isso significa que a espécie está bem longe de ser extinta ou mesmo estar sob ameaça de extinção.

Além da narceja, outras espécies de dinossauros avianos podem ser observados na coleção do MUSES, como a jacupemba, em 

, e o pinguim, em

A diversidade das aves nos permite ter uma pequena compreensão de quantas novas adaptações podem surgir no futuro e das espécies que existiam no passado. Alguns achados paleontológicos recentes indicam isso, como o fóssil do Elektorornis chenguangi (caracterizado pelos pés longos) localizado em Myanmar pelos cientistas Jingmai O’Connor e Lida Xing; e o fóssil da ave mais antiga do Brasil, representante do grupo dos Enantiornithes e encontrada no Ceará em 2011 por pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e do Geopark Araripe.

Jacupemba exposta no Muses. 

Diversidade semelhante também pode ser vista em relação aos dinossauros não-avianos: estima-se que, a cada ano, são descobertas cerca de 30 espécies deles. Mas, como pode ser visto em

, a extinção desses grandes animais foi fundamental para que uma outra espécie encontrasse espaço para se readaptar e se diversificar, culminando inclusive no surgimento dos primeiros ancestrais dos seres humanos: estamos falando dos mamíferos.

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Published in 16/06/2021

Updated in 27/09/2021

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