Metodologia Educativa para Prática.
Estratégia educativas para aplicação prática.
As estratégias educativas, desenvolvidas a partir dos conceitos e desdobramentos da exposição REVIRAVOLTA, são potentes ferramentas para desenvolvimento das ações de arte educação, como processo formativo que colabora para ampliar os repertórios e as formas de como dialogar com os trabalhos artísticos contidos na exposição.
A presente metodologia foi elaborada pelo artista/mediador Raoni Iarin, e teve sua aplicação prática em sala de aula para atendimento de alunos do 8º ano.
Compartilhamos a proposta para que ela possa ser replicada, compartilhada e adaptada, para aplicabilidade prática em sala de aula ou espaços de ensino da arte.
RECURSOS MATERIAIS | Lousa, giz/caneta, lápis, borracha, caderno, papel, projetor de imagem. |
- Na sala de aula, organizarei a turma de forma circular e com uma mesa localizada no centro da sala.
- Com todos presentes convidarei que antes de iniciarmos quem quiser ir ao banheiro ou beber água poderá ficar a vontade, assim, evitando que posteriormente não aconteçam interrupções por conta do nosso tempo e cronograma.
- Logo após, retomaremos os assuntos abordados nas aulas anteriores e de forma fictícia, iremos rememorar a visita pela exposição reviravolta com foco no trabalho do grupo alto amazonas audiovisual (lucinho tavares winih kanamari, shapu mëo matis e markus enk, denominado de About cameras, spirits and occupations: a montage-essay triptych (2018). videoinstalação.
O vídeo em questão, que será levado para a sala de aula, será o Healthy Politics for Who? [Política saudável para quem?]. Onde por uma câmera agenciada por um grupo kanamari, convoca para documentar a ocupação de um posto da Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena); a autoria coletiva do material gravado, registrando esse momento e depois as assembleias e as declarações de suas lideranças, reflete sua dimensão pluriétnica e estratégica.
- Recriando essa espacialidade museal para dentro da sala de aula, a apresentação do vídeo se dará por um projetor, um momento na qual teremos acesso a essa produção artística.
- Em seguida, antes de iniciarmos o vídeo, informarei como funcionará a dinâmica para a turma, onde será necessário que os alunos se organizem grupos.
- Após esse momento e com os grupos formados, será oferecido a eles cartões com algumas questões para serem analisadas por todos os integrantes durante o processo de assitir. Pensando sobre:
Quem produziu esse trabalho? Do que se trata? Quais etnias estão envolvidas? Quais acontecimentos envolvem elas? Qual outro assunto você consegue relacionar a partir da obra?
- Serão convidados também, durante ou após seu contato com o trabalho, a construir um texto, palavra, frase, poema etc, na qual reflita sua experiência com as questões tensionadas no vídeo e com suas próprias aproximações com as questões indígenas no Brasil ou América latina.
- Iniciamos o vídeo.
- Com o encerramento do vídeo, os textos, falas ou representações produzidas pelos grupos devem ser recolhidas e levadas a uma mesa no centro da sala, de modo com que todos esses materiais fiquem acessíveis e em disponibilidades a todos.
- Em seguida, retomaremos as anotações feitas sobre a concepção dos alunos a respeito das populações indígenas brasileiras e da américa latina.
- Cada grupo deverá escolher uma das produções disponibilizadas na mesa central e uma carta reflexiva, de modo que leiam e debatam com o restante da turma o que foi escolhido, podendo apenas caminhar de acordo com o assunto tratado ou até mesmo invocar outras questões pertinentes sobre o que foi assistido e visto desde a primeira aula sobre o tema.
- Encerramos e faremos o intervalo.
MATERIAL

RELATO DE EXPERIÊNCIA
Disciplina: Didática - 10/08/2022
Essa atividade foi desenvolvida a partir de uma sequência de aulas que apresentavam e refletiam a historicidade e as questões indígenas no Brasil a partir do livro didático Teláris - Arte (8°ano). O livro, em conformidade com as indicações da Base Nacional Comum Curricular, busca auxiliar o professor no processo de ensino e aprendizagem em Arte. Os volumes exploram a abordagem triangular com base na cultura visual e procuram desenvolver o aprendizado dos estudantes por meio de projetos, de modo a integrar, na elaboração de um produto final, as linguagens e os repertórios artísticos estudados a cada semestre.
Nessa 4° aula foi proposto uma visita fictícia à exposição REVIRAVOLTA, uma parceria da instituição Videobrasil com a Secretaria de Cultura do Estado do Espírito Santo. Com o tempo máximo de 40 minutos por aula e para conseguirmos contextualizar os exercícios em sala, foi proposto que investigassem um trabalho em específico, o About cameras, spirits and occupations: a montage-essay triptych (2018). Para isso, foram projetados registros do vídeo e disponibilizado para cada grupo de estudantes os cartões reflexivos, o texto curatorial do eixo - Arte e geopolítica no acervo do Videobrasil - e a sinopse do trabalho.
- Foi dado um tempo de 20 minutos para investigarem e desenvolverem um exercício reflexivo sobre o trabalho e o tema - concatenando os assuntos desenvolvidos nas aulas anteriores - como também foi proposto mais 20 minutos para apresentar os materiais desenvolvidos em grupos para toda turma.
Nesse sentido, a turma abraçou muito esse projeto, inclusive, acho interessante ressaltar de início, a importância de pensarmos os museus e demais equipamentos culturais e educacionais como afluentes, fluxos de conhecimentos cuja vazão contribui para que nós tenhamos maiores envolvimentos aos meios culturais que nos contextualizam. Em linhas gerais, os museus fazem parte de um circuito que alimenta nossas interações sociais, assim como rios e cursos d'água, que naturalmente deságuam e alimentam seus rios principais. Essas estruturas podem ser fundamentais para a manutenção de diversos conhecimentos e reflexões da nossa sociedade, fazendo parte da construção de memórias, histórias e potencialidades de muitos indivíduos que um dia já se relacionaram com esses ambientes e seus conteúdos. É importante que compreendamos que, embora a escola e o museu costumam representar, respectivamente, o foco principal no ensino formal e a especialização de todo conhecimento em arte, a experiência com a mesma se constrói de forma ampla, durante toda a vida do sujeito em variados contextos, seja pelo seu acesso ou por sua falta. Desta maneira, os conjuntos de vetores se apresentam importantes para a relação na medida em que se atravessam nesse processo.
About cameras, spirits and occupations: a montage-essay triptych (2018) foi fundamental para contextualizar as dinâmicas propostas pelo livro didático, isso porque atravessa as limitações impostas sobre as questões indígenas muita retratadas nas escolas e propostas pela BNCC de forma rasa e estereotipada. Nessa conexão, conseguimos somar com as aulas anteriores - que retratavam culturas e etnias antigas da América latina - e contextualizar esses momentos com nosso presente, refletindo como nosso passado colonial atuou e atua em nossa contemporaneidade, sobretudo, acima dos povos originários. O intuito foi provocar diálogos com esses materiais, bem como propor produções autorais dos estudantes e suas experiências com esse tema.
Algumas anotações da turma:
“A necessidade de políticas públicas que preservem suas vidas”
“Mistura de tradicional com a atualidade”
"Vemos as consequências dos conflitos que reverberam até hoje - aculturação”
“Vimos a dificuldade de ter acesso aos direitos, saúde, arte e educação”
“O trabalho se trata de uma reivindicação de algumas etnias, com o intuito de reivindicar direitos de saúde.”
“A incrementação da língua portuguesa em seus discursos, que reflete a diferença dos significados de sua importância ( saúde, educação, arte etc.)”
Nuvem de palavras com os registros dos grupos:

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