Artistas Capixabas na Exposição REVIRAVOLTA
PRODUÇÃO CAPIXABA NA REVIRAVOLTA
A produção em Performance que emerge no Espírito Santo possui um potencial notável e se desponta e propaga para além das fronteiras, sendo reconhecida no cenário nacional e em instituições internacionais.
No eixo programático da Exposição REVIRAVOLTA em cartaz na Galeria Homero Massena, temos o Corpo e a Performance no Acervo Vídeo Brasil , como recorte curatorial. E compondo a seleção de trabalhos performáticos estão artistas capixabas que fizeram e fazem nome pelo valor das suas singularidades e que buscam articular questões contemporâneas a partir do corpo, da sua relação com o entorno. Criando conexões únicas entre o “eu” e o “mundo”, entre o ser e o estar, não necessariamente de modo dicotômico ou oposto, mas como partes que se relacionam, se perpassam e por vezes se fundem.
A partir de agora vamos apresentar para você de forma mediativa quem são esses artistas, suas performances e desdobramentos a partir de suas ações performáticas.
The visible and the unconscious
Marcus Vinícius (Brasil, 1985)
3’40’’, 2012
O artista visual Marcus Vinícius de Souza Santos nasceu em Vitória (ES) onde cursou Artes Visuais – Performance na Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Cursou Doutorado em Arte Contemporânea Latinoamericana na Facultad de Bellas Artes da Universidad Nacional de La Plata na Argentina, atuando como pesquisador, curador independente e artista performer executando seus trabalhos em diversos lugares do mundo. Seus trabalhos compreendem o corpo que explora as interioridades como meios condutores de suas ações, sobre a pele superfície e a carne que sente através dos cortes viscerais, mesmo que subjetivos. Morreu aos 27 anos durante uma viagem à Turquia, em 2012.
https://cargocollective.com/marcusvinicius
Baile
Rubiane Maia (Brasil, 1979)
9’14’', 2015
Rubiane Maia é artista visual e vive entre Folkestone, Reino Unido e Vitória, ES, Brasil. É formada em Artes Visuais e mestre em Psicologia Institucional pela Universidade Federal do Espírito Santo. Sua prática artística é um híbrido entre a performance, o vídeo, a instalação e a escrita. Ocasionalmente, flerta com o desenho, a pintura e a colagem. Em 2015 participou da exposição 'Terra Comunal - Marina Abramovic + MAI', no SESC Pompéia, São Paulo, apresentando a performance de longa duração ‘O Jardim’ por dois meses consecutivos. No mesmo ano, lançou o seu primeiro curta-metragem ‘EVO' em parceria com a realizadora Renata Ferraz, que estreou no 26o Festival Internacional de São Paulo e no 22o Festival de Cinema de Vitória. Em 2016, desenvolveu o projeto 'Preparação para Exercício Aéreo, o Deserto e a Montanha', viajando por paisagens de altitude, tais como: Uyuni (Bolívia), Pico da Bandeira (Espírito Santo / Minas Gerais, BRA) e Monte Roraima (Roraima, BRA / Santa Helena de Uyarén, VEN). E na sequência, produziu o seu segundo curta-metragem ‘ÁDITO’. Desde 2018, vem desenvolvendo um ‘Livro- Performance’ composto por uma série de ações organizadas em capítulos e desenvolvidas especificamente em resposta a textos autobiográficos influenciados por experiências de racismo e misoginia. Entre 2020-21 integrou o coletivo 'Speculative Landscapes’, participando na elaboração de questionamentos sistêmicos sobre o que mais as instituições podem ser, quando não moldadas por histórias de violência, segmentação e extração dos territórios. Atualmente, está trabalhando no projeto DIVISA a partir de uma viagem de pesquisa e imersão entre a divisa do Espírito Santo e Minas Gerais. O projeto poderá ser acessado através de um website que será lançado em setembro de 2022.
www.rubianemaia.com
Mover o Branco/Esgotamento
Geovanni Lima (Brasil, 1988)
5', 2016
Geovanni Lima é artista visual e performer, pesquisador e educador, trabalha a partir da investigação das relações entre corpo, sociedade e subjetividades, articulando questões sobre os marcadores que seu corpo sofre enquanto homem negro, em íntimo diálogo com seus acervos memoriais e dentro de uma concepção de performance que amalgama sua trajetória como artista com sua biografia. Doutorando e Mestre em Artes Visuais pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e licenciado em Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), com participação em diversos eventos de arte, como, por exemplo, o XI Encuentro Internacional do Hemispheric Institute, da New York University (NYU) (2019); a p.ARTE nº 42, da Plataforma de Performance Arte no Brasil (2019); e a Residência e Festival Corpus Urbis – 4ª edição – Oiapoque/AP, realizado pelo Coletivo Tenso(A)tivo com recursos do Rumos Itaú Cultural (2018). Como produtor cultural, é um dos propositores do projeto Performe-se – Festival de Performance (2015, 2017) e coordena o Festival Lacração – Arte e Cultura LGBTQIA+ (2019, 2021), ambos realizados no Espírito Santo.
Site: www.geovannilima.com
CUIDADO! água evapora, mas também sustenta
Charlene Bicalho (Brasil, 1982)
11'22", 2021
Charlene Bicalho (João Monlevade | MG, 1982) vive entre Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo. Artista interdisciplinar transita sobretudo pela investigação-ação, fotografia, performance, intervenção, instalação e vídeo. Seu trabalho se concentra em investigações sobre histórias contra hegemônicas, memórias, identidades, estruturas de poder evocando um entendimento crítico e emocional do passado e propõe uma examinação profunda de estereótipos de gênero e raciais contemporâneos. Os deslocamentos cotidianos de seu corpo em contextos diaspóricos são os fios condutores de suas investigações. Apresentou trabalhos no MAC - Museu de Arte Contemporânea de Lima (Peru), Espaço Cultural Fort Grifoon (França), MAES - Museu de Arte do Espírito Santo (ES), MARGS - Museu de Arte do Rio Grande do Sul (RS), VALONGO - Festival Internacional da Imagem (SP), Teatro Espanca (MG), Teatro Universitário da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Idealizadora do Projeto Raiz Forte, local onde desenvolve uma prática processual alimentada por encontros e fazeres coletivos, em co-autoria com artistas negros.
https://charlenebicalho.wixsite.com/charlene
Puxadinho
Fredone Fone (Brasil, 1981)
15'25", 2020
Cresceu no bairro Serra Dourada, na periferia de Serra (ES), um bairro operário-ocupado onde ajudou o pai no trabalho de pedreiro e pintor construindo e reformando casas, por mais de dez anos, desde a infância, enquanto ajudava a mãe a fazer salgadinhos para vender e complementar a renda da família. Foi neste contexto, correndo riscos de ter a casa leiloada, que, em meados dos anos 1990, que começou a construir seu nome na cidade, com uma lata de spray, através da pixação, do graffiti; conheceu o skate, o rap, e consequentemente o movimento hip-hop, com o qual tanto se identificou. Também trabalhou em almoxarifado da construção civil e fez os cursos Operador de Empilhadeira e Autocad.
Boa parte de seu trabalho é braçal, e fala sobre o sonho da casa própria, sobre o hip-hop e a autoconstrução como táticas subversivas de existência, ocupação e sobrevivência da população preta e periférica: que é maioria no trabalho da construção civil, que levanta, de forma terceirizada e precarizada, paredes de uma cidade rude, que os empurra de volta para os bairros onde vivem.
Além de técnicas, ferramentas, materiais, Fredone utiliza cores que aprendeu a usar com o pai: o preto, o branco e o cinza -pintando paredes, grades, janelas, portas e portões- e o vermelho-sangue, da vida, da morte e da luta enfrentada diariamente nas periferias das cidades que ele busca demolir, antes de ser demolido por elas, ao mesmo tempo em que sonha, projeta, constrói, reforma e pinta futuras cidades antirracistas. É pra ontem!
Participou dos festivais Street Arts Festival Mostar, Bósnia; The Board Dripper, México; Maracay se Activa, Venezuela; Concegraff, Chile; das residências artísticas Guilmi Art Project (grupo Pêndulo), Itália; Artist's Menu, Sérvia; Arte Contra el Olvido, Espanha; Memoria Compartida, Paraguai; Espirito Mundo Residences, Bélgica; das exposições Alvenaria (individual) - Espaço Cultural SESI (ES), Brasil; FONTE (dupla como Pêndulo) - Casa Porto das Artes Plásticas, ES, Brasil; Tríade (trio) - Museu Vale, ES, Brasil; Impronta (coletiva) - Galería Libertad, México; Bienal Internacional de Graffiti (coletiva) - Serraria Souza Pinto, MG, Brasil; Organizou o livro Rap: A Força da Fala e recebeu os prêmios Doggueto - Personalidade Hip-Hop, ES, Brasil e Cultura Hip Hop - Edição Preto Ghóez, MINC, Brasil, e recentemente o Pollock-Krasner Foundation Grant - New York/NY, USA 2020/21.
Campo minado
Natalie Mirêdia (Brasil, 1992)
4'58'', 2018-21
Mestre em Artes (Poéticas Visuais) pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo na área de Artes Visuais. Desenvolvo pesquisas na área de Teoria e História da Arte Moderna e Contemporânea, Performance e Processos Criativos. Já participou de exposições e mostras no Brasil e no exterior, como no Instituto Tomie Ohtake, nas Caixas Culturais do Brasil, na Academia de Teatro de Helsinki, no Centro Le Lieu en Art Actuel, Canadá, no Núcleo Arts Centre, Reino Unido, no Centro Cultural Manzana de la Riviera, Paraguai, entre outros. Atua como arte educadora a partir de dinâmicas e projetos independentes que agregam diferentes grupos etários, como crianças a partir de 3 anos e pós-graduandos na área de artes e afins. E também atuou como produtora cultural e coordenadora, em diversas exposições coletivas, festivais e acompanhamentos artísticos.
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