A Experiência da formação com educadores durante a Exposição REVIRAVOLTA.
Entre os dias 02, 03 e 04 de agosto, durante a realização da Exposição REVIRAVOLTA aconteceu a Formação de Educadores. Nesta agenda de formações tivemos a participação de professores da Rede Municipal de ensino dos Municípios de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica e Professores da Rede Estadual de Ensino, totalizando a participação de 40 professores.
Para o recebimento dos Educadores, a equipe de arte-educação preparou uma programação com algumas práticas mediativas, utilizadas como disparadoras de ideias, que a partir de agora vamos apresentar para você.
As formações se iniciaram na Exposição Reviravolta - Corpo e Performance, na Galeria Homero Massena. Conforme a chegada dos professores na galeria, iniciava-se a visitação. A princípio o contato com os trabalhos se dava de forma gradual e livre. Porém, no momento seguinte, iniciava-se a mediação em formato dialógico.
Uma das peculiaridades da expografia do Eixo Curatorial “Corpo e Performance no Acervo do Vídeo Brasil” se deu pelo fato da exibição conter cinco grandes programas organizados em um fluxo temporal, em formato de linha do tempo, compostos por diferentes vídeos performances, onde cada programa é exibido em um monitor, sendo que um dos programas, o principal, é exibido em uma projeção localizada no centro da galeria acompanhado de 5 TVs de tubo.
Devido a grande quantidade de conteúdos disponíveis ao público, e pelo fato dos programas mostrarem os vídeos conforme uma programação sequencial, houve uma necessidade de realizar uma abordagem mais dialógica com o Público, para que cada programa pudesse ser apresentado conforme o recorte curatorial previu, trazendo um maior detalhamento de informações junto ao público, de modo a sistematizar o fluxo de idéias e o contexto da composição do Acervo Vídeobrasil.
Neste processo inicial, criamos a prática de nos apresentarmos, mediadores e professores. E uma das perspectivas iniciais foi identificar quem já havia tido contato com trabalhos de performance, videoarte, e mesmo conhecido o Instituto Videobrasil.
A partir de então a mediação dos trabalhos que se apresentavam em exibição no ato da visita eram apresentados pelos mediadores e assim se ampliava a reflexão, criando uma conversa leve, com colaborações dos educadores que traziam suas perspectivas, contextos e percepções.
Como desdobramentos deste primeiro momento da formação, ao final das mediação a proposição feita ao grupo foi a construção de uma nuvem de palavras, e assim pediu-se para que individualmente se escreve em um post-it palavras chaves, que de alguma forma remete às discussões e reflexões feitas a partir da vivência a exposição.
Como resultado tivemos essas nuvens de palavras:
Ao finalizar essa primeira experiência, com a finalidade de dar sequência a programação preparada para a formação, entregamos ao grupo um mapa, com a identificação da localização dos dois espaços culturais, localizados no Centro de Vitória em que acontece a exposição ``REVIRAVOLTA''. Sendo eles, a Galeria Homero Massena e o Museu de Arte do Espírito Santo, conforme o mapa abaixo.
Como início da proposição, pedimos ao grupo para localizar o ponto em que estávamos situados nos momento e assim identificasse a localização da Galeria Homero Massena e na sequência que se identificasse a localização do Museu de Arte. A partir de então, pedimos para que se fosse observado os possíveis trajetos entre um ponto e outro e assim lançamos alguns questionamentos sobre este percurso, como:
Quais os possíveis caminhos a se fazer?
O que podemos encontrar nestes percursos?
O que existe entre esses dois espaços culturais?
O que pode nos chamar mais atenção?
O que vamos encontrar no MAES - Museu de Arte do Espírito Santo, na continuidade da visita à exposição?
E assim, pedimos ao grupo que a partir da chegada ao museu essas observações fossem descritas no material, para que postumamente pudéssemos inventariar a percepção desse processo de se descolar, o que chamamos de uma ação “Entre Espaços”.
Como resultado tivemos uma variedade de relatos. Alguns relacionados ao ato de deslocar-se em si, outros correlacionados ao que se observou pelo percurso, e em outros casos o ato de deslocar-se pela cidade criou uma ligação estreita com alguns trabalhos das exposições.
Acesse o Inventário de Percepções.
Criar uma ação que dispara uma nova forma de observar o entorno, os nossos comportamentos e a nossa ligação com o entorno foi essencial para que a exposição Reviravolta conectasse criando um verdadeiro fluxo de experiência entre os dois eixos expográficos, corpo e performance e arte e geopolítica.
Com a chegada do grupo no Museu de Arte MAES, iniciamos a visitação na Biblioteca, informando ao grupo sobre a bibliografia disponível, doada ao museu pelo Instituto Vídeobrail, mostrando as entrevistas dos artistas que estão em exibição e a plataforma Timelinefy e seus conteúdos.
Adentrando a exposição, a estratégia de condução do grupo foi deixar o grupo à vontade para ter o contato inicial com os trabalhos. Neste primeiro momento observou-se que a condução mediativa era melhor entendida e absorvida após os visitantes terem o contato prévio com os trabalhos. Identificou-se que cada pessoa consegue a priori, por meio dos seu próprio repertório, se conectar de forma independente com o que mais chama a atenção, e a conexão com os trabalhos de dá de forma mais intuitiva.
Reservou-se um tempo aproximado de 20 minutos para que fosse possível realizar essa conexão inicial. Ao final desse período, chamamos a atenção do público para formar uma roda no ponto central da exposição, e cartões com palavras eram distribuídos ao grupo. Este era um convite ao público para se conectar com diferentes trabalhos.
Cada cartão entregue continha uma palavra que se relacionava com os trabalhos dispostos na exposição, fosse por meio do território, dos aspectos culturais, fatos históricos, linguagens e ou características estéticas.
Ao propor para o grupo, essa nova dinâmica, de encontrar o trabalho que mais estava correlacionado com a palavra que se encontrava no cartão, dispara uma reação de curiosidade e por vezes a necessidade de explorar a exposição de forma mais minuciosa. Tendo em vista, que por vezes os trabalhos vistos pelos visitantes inicialmente não era o que estava relacionado à palavra que ele acabara de receber. Essa dinâmica, desencadeia um despertar uma nova percepção da exposição, tirando o visitante de sua zona de conforto e instigando a investigar narrativas ainda não exploradas.
A partir da entrega dos cartões, o grupo retornava para a exposição. E por mais um tempo, quase que uma nova exposição é desvelada ao olhar. E assim, novos panoramas e fluxos perceptivos se encaixavam ao contexto da exposição.
Podemos perceber essas correlação em alguns dos depoimentos coletados a partir da experiência.
“Gostei bastante da prática proposta pela mediação com a entrega dos cartões. Quando recebi o meu, percebi que ainda tinha muito a se ver. E a brincadeira ficou mais séria. O compromisso de observar com mais cuidado o que realmente a obra quer transmitir como mensagem, foi um desafio que deixou a experiência ainda mais rica.”
“A priori quando entrei na exposição me conectei com o que achei mais interessante. E quando recebi o cartão, minha primeira reação foi pensar. Ops! Onde está a conexão com essa palavra SAUDADE? E isso me fez procurar entre as obras e me conectar com um trabalho que antes não tinha parado para ver de fato.”
Para encerramento da experiência desta visitação/formação convidamos o grupo para uma roda de conversa, e assim pela troca de experiências, vivências e percepções foi possível construir diferentes perspectivas a partir das narrativas apresentadas pelo conjunto de trabalhos presentes em ambos os eixos curatoriais da Exposição Reviravolta.
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