Leituras, Percepções e Interpretações.

22/05/2022
Nuvem de palavras gerada a partir do enunciado da proposta educativa.     

Leituras e interpretações sobre o conceito de “reviravolta” a partir da experiência individual com a exposição. 

Esta atividade tem como objetivo coletar os primeiros relatos de percepções e interpretações da exposição e de seus eixos curatoriais. As ideias centrais foram colocadas em uma nuvem de palavras para trazer à tona os principais conceitos presentes nos textos, deixando evidente os pontos sensíveis da relação estabelecida entre o educador e a exposição. 

Nuvem de palavras gerada a partir da resposta do educador Raoní Iarin.
     

Raoní Iarin

As propostas das duas exposições reviravoltam as noções e conceitos que conduzem e demarcam o território da arte a partir de demandas que atravessam as perspectivas culturais a partir do sul geopolítico do mundo. Reviravolta é um conjunto expressivo de relações que tensionam o rompimento das fronteridades da arte hegemônica, evidenciando como um território pode ser movimento e vivido através das mutações que atravessam múltiplas interferências coletivas que precisam ser potencializadas.

 

Raoní Iarin é Artista-educador. Graduando em Artes Plásticas na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Já atuou como educador na Galeria de Arte e Pesquisa-GAP (2017), no Museu Casa Porto das Artes Plásticas (2018-2020) e atualmente no Museu de Arte do Espírito Santo (Maes). Incorpora tais experiências a suas pesquisas atuais. Desde 2018 participa de exposições no Espírito Santo e Rio de Janeiro com performance, escultura e fotografia. Em 2021 entrou para o Grupo de Pesquisa Entre - Educação e Arte contemporânea. Possui experiência na área da arte-educação com foco na mediação cultural, na formação e desenvolvimento de projetos educativos para exposições.

Nuvem de palavras gerada a partir da resposta da educadora Bárbara Thomaz.
     

Bárbara Thomaz 

O coletivo de trabalhos selecionado do acervo da Videobrasil para a exposição Reviravolta é atravessado pela palavra mesmo quando estes vídeos parecem ser afastados em termos de suas especificidades narrativas e conceituais. Todos eles têm como conexão o posicionamento do seu discurso marcadamente contra-hegemônico, em consonância à posição política do acervo, que dimensiona o Sul Global como referencial em que se é possível imaginar mundos outros, no que Solange Farkas afirma ser uma "produção que é signo de vida contra as políticas de morte". São trabalhos-comunidade. 

A Reviravolta aqui está engajada em uma contra-proposta, em se tomar uma distância crítica e, talvez por isso, libertadora das Verdades e dos projetos coloniais, positivistas e racionalistas. Reposicionando estes agentes, quem nos fala e o que está em jogo, provocando mesmo uma Reviravolta em termos de soçobrar as certezas do olhar e, acima de tudo, resistir ao desejo de querer fazer caber estes trabalhos em um lugar comum, em uma espécie de equivalência de sentido que se aproxime deste mundo já dado. Resistir, assim, ao impulso de decodificar os trabalhos e trazê-los para uma linguagem acachapante da existência. 

É preciso aqui, nos revirarmos, fazer destes trabalhos veículo de um exercício de pensamento anticolonial que não mistifique e nem romantize - próprio de um culto pretensamente benevolente - as propostas desses artistas. A Reviravolta é uma possibilidade de reexaminação crítica da linguagem, de abertura a novas cosmologias que escapem ao antropoceno; são rituais de reversão - o vídeo, por excelência, como imagem movimento em que se rebobina - e de cura dos traumas coloniais empenhados pela modernidade em todo seu vigor; a Reviravolta nos faz pensar relações distintas com a terra, que não aquela em que apenas se retira sua vida pela marcha progressista, mas que pode ainda, quem sabe, se alinhavar com ela.

 

Bárbara Thomaz é artista, pesquisadora, sapatão e dissidente do sistema sexo/gênero. Graduanda em Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), trabalhou com o projeto de extensão Vão: exposição de filmes no lençol, vinculado ao grupo de pesquisa PLACE (Plano Conjunto de Especialidades), do Centro de Artes da Ufes. Também atuou como monitora das disciplinas de Vídeo e Multimeios por dois semestres consecutivos e atualmente pesquisa novas possibilidades e desdobramentos políticos de iconografias queer em videoarte.

Nuvem de palavras gerada a partir da resposta do educador Kleiton Rosa.
    

Kleiton Rosa

Reviravolta é a representação de um novo sentido para com as ditas práticas artísticas hegemônicas; a partir dessa ideia se faz necessário pensarmos vias que mobilizem novas possibilidades decoloniais para se pensar e fazer arte. Dentro dos eixos curatoriais da exposição Reviravolta, enxergo a potência dos trabalhos e seus conceitos como o ato de conceber narrativas que desmistificam o sujeito colonizado e como a reverberação da resistência e inquietação é presente na cultura do Sul Global.

 

Kleiton Rosa é estudante de Artes Visuais pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Já atuou como mediador na Galeria de Arte e Pesquisa-GAP (2019) e atualmente é estagiário no Museu de Arte do Espírito Santo (Maes) onde realiza mediações, produção de material educativo, montagens de exposições e apoio ao setor administrativo. Em sua produção artística, estabelece uma investigação entre as linguagens do desenho, pintura e técnicas de impressão. Participa do grupo de extensão Escrita em Artes. 

Nuvem de palavras gerada a partir da resposta da educadora Jaíne Muniz.
    

Jaíne Muniz

A partir da reflexão sobre os conteúdos que os eixos “Arte e geopolítica” e “Corpo e performance” trazem para a exposição Reviravolta, encontro um fio que conecta os dois através de uma possibilidade de reflexão e posicionamento no mundo como indivíduos.

“Arte e geopolítica” traz um olhar de cima, como se estivéssemos observando uma viagem acontecer diante de nossos olhos. Essa visão permite abordar fronteiras próximas e distantes que nos contam narrativas por muito tempo escondidas. Territórios que são marcados não apenas por sua posição geográfica mas também por sua carga simbólica de identidades, afetos e histórias desvendam sabedorias que desafiam a hegemonia da destruição instaurada pela colonização. Em “arte e geopolítica”, copos livres nos apresentam outras formas de existência, de desejo, de costume e de afeto, fora da estrutura neocolonial que conhecemos e acreditamos ser a única verdade.

“Corpo e performance” nos posiciona justamente na fissura da possibilidade aberta pelo eixo anterior, nos transportando para outro espaço-tempo dentro da realidade que conhecemos. O olhar que percebia de cima agora se aproxima do corpo para observar suas formas de inventividade através da performance. Nesse eixo, a vídeo performance cria deslocamentos das narrativas estabelecidas sobre corpo, imagem, história e linearidade provocando os nossos sentidos.

Reviravolta é um trânsito constante de pensamentos, discussões e sensações. Não há como fugir pois o que acontece não é perene e quando não há mais chão, a reviravolta impulsiona o posicionamento, a ação.

 

Jaíne Muniz é Graduanda de Artes Visuais Licenciatura na Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), é artista visual, educadora e pesquisadora. No campo da educação, já atuou como estagiária auxiliar de educadoras de artes em escolas da rede pública (2018-2019) e foi mediadora educadora do Museu Capixaba do Negro (2020-2021) realizando mediação de exposições e eventos culturais, produção de materiais e projetos educativos, supervisão do espaço expositivo e organização de visitas. Como pesquisadora, investiga a produção de artistas negros na contemporaneidade questionando a inserção, circulação e as narrativas dessas produções dentro da história da arte nacional. Seu trabalho poético compreende as linguagens da performance, fotografia, vídeo e pintura.

Nuvem de palavras gerada a partir da resposta do educador Gabriel Rocha.
   

Gabriel Rocha

A exposição Reviravolta traz a cidade de Vitória um recorte do acervo do Videobrasil, onde expõe trabalhos com diversos temas e questões a serem debatidas com o público. No entanto, apesar dos diferentes assuntos propostos, os trabalhos e artistas se encontram no centro do debate sobre política e cultura no Sul global. Distribuídas em dois eixos curatoriais, alocados em dois espaços expositivos da cidade, as obras exploram o vídeo e a sua natureza plural em possibilidades de utilização. A força da proposta curatorial reside, justamente, na pluralidade tanto dos usos do vídeo e da performance, como dos temas abordados que chamam a reflexão do público. A “reviravolta” pode ser interpretada como esse direcionamento de atenção para a produção desse Sul global. Partindo disso, por parte do educativo, a ideia de reviravolta deve ser pensada como esse convite para ouvir do público suas percepções sobre os trabalhos e os conceitos que os circundam. 

 

Gabriel Rocha é Fotógrafo, pintor, grafiteiro, performista, desenhista, gravador e arte educador. Cursando Artes Plásticas pela Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), e técnico em Multimídia pela escola Ceet Vasco Coutinho. Trabalhou como mediador no Museu de Arte do Espírito Santo (Maes), no ano de 2019 a 2021, onde teve seu contato aprofundado com arte educação. No ano de 2021, teve seu primeiro contato com a arte urbana através do grafiteiro Anderson Chic, que foi seu mentor no estilo do grafite. Atualmente segue produzindo em diversas linguagens artísticas e trabalhando na comunidade Jesus de Nazareth onde nasceu.

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Published in 7/06/2022

Updated in 23/08/2022

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