Queima do café em Santos, São Paulo

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Resumo

A superprodução de café ocorrida em São Paulo a partir do final do século XIX, levou à queima de milhões de sacas do produto pelo governo, a fim de assegurar bons preços no mercado externo. 

Detalhamento da linha do tempo do estudante

A partir das últimas décadas do século XIX, os altos lucros das exportações brasileiras de café tiveram efeitos positivos e negativos. Se, por um lado, esses lucros financiaram o processo de modernização socioeconômica, com os primeiros investimentos massivos em industrialização, transportes e urbanização, por outro lado eles provocaram a expansão contínua da cafeicultura. Essa expansão, por sua vez, significou novas pressões sobre a Mata Atlântica, no sentido de converter novas áreas de florestas em lavouras, além de gerar o fenômeno da superprodução: entre 1897 e 1900, foram produzidos 16,7 milhões de sacas; entre 1901 e 1905, foram produzidos 64,9 milhões de sacas (ARIAS Neto, 2018, p. 168).

Entre junho e dezembro de 1931, mais de 71 milhões de sacas de café foram queimados em Santos, São Paulo, a fim de reduzir a oferta e, assim, conter a queda dos preços do café no mercado internacional. A produção destruída seria suficiente para garantir o consumo mundial durante 3 anos! Um baita desperdício, você não acha?

Figura 72 - Queima de café em 1931

Fonte: https://www.novomilenio.inf.br/santos/fotos081.htm . Acervo do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo.  

Curiosidades

Muitas pessoas, dentro e fora do governo, criticaram a política de queimar toneladas de café. Uma delas foi o próprio ministro da Fazenda, José Maria Whitaker, que por isso foi demitido. Pensou-se em alternativas para evitar o desperdício. Dentre elas, o emprego de café como combustível nas locomotivas da Estrada de Ferro Central do Brasil, experiência registrada pelo jornal paulistano Folha da Manhã:

"Partiu um trem de carga com 610 toneladas de peso, utilizando na locomotiva café como combustível. O percurso foi vencido em duas horas e dez minutos, sem quebra de pressão, gastando 2.912 quilos de café”

(Folha da Manhã, 3 jan. 1932).

Referências

ARIAS NETO, José Miguel. Primeira República: economia cafeeira, urbanização e industrialização. In: FERREIRA, Jorge; DELGADO, Lucilia de Almeida Neves (orgs.). O tempo do liberalismo oligárquico: da Proclamação da República à Revolução de 1930 – Primeira República (1889-1930). Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2018.

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Published in 17/07/2023

Updated in 26/07/2023

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