Entrada do café no Brasil
Resumo
Entrada do café no Brasil - uma planta exótica que, para a Mata Atlântica, se tornou mais ameaçadora do que qualquer outra atividade realizada anteriormente.
Sugestão para o Professor
O professor pode trabalhar com mapas relacionados à circulação da planta do café no globo terrestre, tais como a imagem disponível em: http://cafeeaglobalizacao.weebly.com/histoacuteria.html,
Telas históricas, pintadas para retratar a transformação da paisagem pelos cafezais, tais como DEROY, Laurent. Recolte du café. Paris [França]: Lith. de G. Engelmann, [1835]. 1 grav, pb. Disponível em: http://objdigital.bn.br/acervo_digital/div_iconografia/icon94994/icon94994_178.jpg. Acesso em: 5 ago. 2022 ;
SALATHÉ, Friedrich. Plantaçaõ de café. Bâle, Suíça: J. Steinmann, 1835. 1 grav, a agua-tinta. Disponível em: http://objdigital.bn.br/objdigital2/acervo_digital/div_iconografia/icon35707/icon35707_04.jpg. Acesso em: 5 ago. 2022;
CLERGET, Hubert. Fazenda du Governo: Parahyba-do-Sul. Paris [França]: Lemercier, Imprimeur-Lithographe, 1861. 1 grav, litografia, pb. Disponível em: https://acervobndigital.bn.gov.br/sophia/index.html . Acesso em: 5 ago. 2022.
Sugestão de leitura
- G1 - A mistura da história do café com o desenvolvimento do Porto de Santos - https://g1.globo.com/sp/sao-paulo/antena-paulista/video/a-mistura-da-historia-do-cafe-com-o-desenvolvimento-do-porto-de-santos-5698605.ghtml
- Brahmi Cultural - A Jornada do Café - Videomapping Exposição Café Mundo - https://www.youtube.com/watch?v=uPi51p1oIgg
Sugestão de vídeo
- Globoplay - De onde vem o que eu bebo: o café especial que faz o Brasil ser premiado no exterior - https://g1.globo.com/economia/agronegocios/agro-de-gente-pra-gente/video/de-onde-vem-o-que-eu-bebo-o-cafe-especial-que-faz-o-brasil-ser-premiado-no-exterior-10731236.ghtml
Detalhamento
As possíveis entradas do café (Coffea arabica) no Brasil foram de plantas e sementes cultivadas no Iêmen, país localizado no sudoeste da Península da Arábia e depois na Índia e na Europa. Em 1727, um oficial da armada brasileira trouxe da Guiana Francesa, às escondidas, sementes da variedade “Bourbon” para o Belém do Pará (Dean, 1996, p. 194).
A planta, no entanto, é originária dos altiplanos da Etiópia, país da África Oriental, onde estava naturalmente ambientada a uma faixa de altitude entre 1.000 e 2.000 metros, com temperaturas médias anuais entre 16,5 ºC e 22,5 ºC e precipitação pluviométrica (chuva) entre 1.200 a 2.000 mm (Mores, 2017, p. 101).
As características biofísicas do café condicionaram os locais e as formas de seu cultivo no Brasil, isto é, onde e como ele poderia ser plantado com mais ou menos sucesso, com o emprego de mais ou menos recursos financeiros e esforços humanos, com mais ou menos impacto sobre o ambiente natural.
Notem que essa planta, desde sua descoberta e primeiras experiências de cultivo até sua produção em grande escala, ocupou uma vasta geografia mundial – da África às Américas, passando pela Ásia e Europa –, deixando dúvida se ela foi “dominada” (domesticada) pelos seres humanos, ou se não foi ela quem os dominou.
Segundo Warren Dean (1996, p. 193), se o século XVIII foi o século do ouro para o Brasil, o século XIX foi o do café. Isso do ponto de vista dos ganhos econômicos, do fortalecimento político de determinados grupos sociais e de toda uma cultura ligada a hábitos alimentares e comportamento social. No entanto, para a Mata Atlântica “a introdução dessa planta exótica significaria uma ameaça mais intensa que qualquer outro evento dos trezentos anos anteriores”.
Curiosidades
O Café
Apesar de todas as nossas diferenças, saborear um café quentinho é hábito comum a praticamente todo o povo brasileiro. A bebida é tão presente em nosso cotidiano que, por aqui, dá até nome a uma das principais refeições do dia: nosso café-da-manhã. Mas você já se perguntou o que estaria por trás de todo aquele aroma e sabor? Ficou curioso para saber um pouco mais sobre essa paixão nacional?
O café que bebemos todos os dias representa uma infusão em água quente de sementes moídas e torradas do cafeeiro: um arbusto perene, ou seja, com longo ciclo de vida que pode atingir até cerca de 30 anos de produção, e porte variado. Das mais de 120 espécies de cafeeiro (plantas do gênero Coffea), apenas duas têm sido significativamente exploradas economicamente na produção do café: Coffea arabica (café arábica) e Coffea canephora (café robusta ou conilon), representando 64% e 36% de todo café consumido no mundo, respectivamente. Isso mesmo, toda aquela variedade que observamos nas prateleiras dos supermercados são apenas variações dessas duas espécies: cafés Acaiá, Bourbon, Catuaí, Caturra, Mundo Novo, dentre outros, são variedades de Coffea arabica; enquanto o Conilon, Guarani, Itapoatã e Robusta são variedades de C. canephora.
Essas variedades foram alcançadas de maneira artificial. Em diferentes localidades, cafeeiros com características favoráveis ao aumento da quantidade e qualidade foram sendo gradativamente selecionados para obtenção de novas mudas. Como resultado, surgiram variedades distintas com características propícias ao clima, às pragas e às doenças de determinadas regiões. Além desses tipos de resistência, as variedades também passaram a ser selecionadas em função do sabor, aroma e teor de cafeína da bebida produzida. A essas seleções ao longo das gerações de plantas, dá-se o nome de melhoramento genético! É claro que, hoje em dia, com os avanços das técnicas moleculares, esse processo tem se tornado cada vez mais eficaz e sofisticado.
Ambas as espécies são originárias da África, sendo Coffea canephora típica de terras mais baixas e quentes, como as encontradas na região ocidental do continente, enquanto C. arábica, por sua vez, teria surgido em terras mais altas e de clima ameno, como as encontradas na Etiópia, região oriental do continente. Não é à toa que, no Brasil, o cultivo de C. arábica também é mais propício em altitudes mais elevadas e de clima ameno, ao passo que C. canephora se dá melhor em terras mais baixas e quentes. E a essa altura, você talvez já esteja se perguntando: “- poxa, somos o maior produtor de café do mundo e não possuímos uma única espécie sequer de cafeeiro natural do território brasileiro?” Isso mesmo, apesar de toda nossa produção, o café só veio a ser introduzido no Brasil a partir do século XVIII.
Naturalmente, você também deve estar se questionando: “- mas afinal, qual a diferença entre o café arábica o conilon?". Pois bem, para além das diferenças morfológicas, fisiológicas e genéticas, vamos ao que interesse: nosso cafezinho! Nesse sentido, o café arábica tende a possuir maior teor de açúcar, menos cafeína, e elevada complexidade de sabores e aromas. Assim sendo, é a partir dessa espécie que produzimos os cafés mais finos, incluindo os famosos cafés gourmet. O café conilon, por sua vez, é amplamente utilizado na produção de cafés do tipo solúvel. Mas não pensem que é sempre assim, um ou outro. Basta um olhar mais atento e notaremos que as prateleiras dos supermercados também estão repletas de pacotes contendo blends, ou seja, uma mistura de grãos pertencentes a essas duas espécies. Trata-se de uma estratégia de barateamento do produto, já que C. canephora tende a possuir maior produtividade e resistência a pragas e doenças, costumando ser, com isso, mais barato. Assim, fica a dica: há exceções, mas cafés 100% arábicas costumam ser considerados de melhor qualidade e mais ricos em sabores e aromas.
Figura 36 - Coffea arabica

Figura 37 - Coffea arabica

Figura 38 - Coffea arabica

Figura 39 - Cafezal

Figura 40 - Cafezal

Figura 41 - Café conilon

Figura 42 - Cafezal

Referências
DEAN, Warren. A ferro e fogo: a história e a devastação da Mata Atlântica brasileira. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.
MORES, Lucas. História ambiental do agroecossistema do café (Coffea arábica) no norte do Paraná (1945-1975). Dissertação em História. UFSC, 2017. DOI: 10.1039/9781782622437-00001
Souza, F. D. F., Ferrão, L. F. V. Caixeta, E. T. Sakiyama, N. S. Pereira, A. A. De Oliveira, A. C. B. Aspectos gerais da biologia e da diversidade genética de Coffea canephora, 2015. Disponível em: https://www.alice.cnptia.embrapa.br/handle/doc/1041502
SOUZA, F. F. et al. Características das principais variedades de café cultivadas em Rondônia. Porto Velho: Embrapa Rondônia, 2004. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/906832/1/Doc93cafe.pdf
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