Extrativismo de Pau-Brasil e o Desmatamento da Mata Atlântica

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Resumo

A principal causa do desmatamento no início do período colonial foi a exploração do Pau-Brasil, que se tornou o principal produto de exportação logo nos primeiros tempos da colonização portuguesa. 

Sugestão para o Professor

Sugestão de vídeo: 

- Pau-brasil: tráfico e comércio clandestino - https://globoplay.globo.com/v/11178009/ 

A cor da nobreza - https://globoplay.globo.com/v/10562355/?s=0s  

Sugestão de leitura

Barreto, M.P. A Mata Atlântica e o Ensino de História: da pré-história ao período colonial brasileiro. Movimento-revista de educação, Niterói, ano 4, n.6, p.272-305, 2017. 

Murlat, M.V. A árvore que se tornou país. Revista USP, São Paulo, n.71, p. 171-198, 2006. Disponível em:  https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/13560/15378/16535. 

Revista Super Interessante - A Mata Atlântica que Cabral Encontrou, https://super.abril.com.br/historia/a-floresta-que-cabral-encontrou/ 

Sugestão de podcast:

A árvore que sobreviveu ao Brasil | BICHOS, PLANTAS E HISTÓRIAS QUE NÃO CONTARAM PARA VOCÊ | T1 | Ep 2

https://podcasts.google.com/feed/aHR0cHM6Ly9hbmNob3IuZm0vcy82OTU4YWEyMC9wb2RjYXN0L3Jzcw/episode/NmNmZGIwMjAtMjQ2NS00NzA2LWE0MzItZmUxMTA3NGI1MWU4?ep=14

Para saber mais sobre veja em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l6607.htm#:~:text=LEI%20N%C2%BA%206.607%2C%20DE%207,Brasil%2C%20e%20d%C3%A1%20outras%20provid%C3%AAncia%20 

Referências

Monteiro, Maria Elisabeth Brêa. Pau Brasil: do extanco à extinção. Disponível em: http://www.historiacolonial.arquivonacional.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=3597&Itemid=360 

Zemella, Mafalda P. Os ciclos do pau-brasil e do açúcar. Revista de História v.1 n. 4, p. 485-494, 1950. Disponível em: https://www.revistas.usp.br/revhistoria/article/view/34872 

Detalhamento

A exploração do pau-brasil, Caesalpinia echinata, deu origem ao primeiro surto de alteração e desmatamento da Mata Atlântica pelos europeus, principalmente portugueses e franceses, nas áreas litorâneas do atual território brasileiro. O interesse português no comércio dessa madeira, acompanhado da disputa com os franceses pela posse das terras sul-americanas recém descobertas, fez com que a Coroa estabelecesse regras rígidas para a exploração, como o estabelecimento, em 1532, do monopólio Real sobre o pau-brasil. Pouco depois, em 1542, a Coroa portuguesa estabelece regras rígidas para a extração de madeira da costa brasileira, punindo o desperdício, numa ação de proteção das florestas que nunca foi cumprida. 

A exploração iniciou-se em 1502, com destaque para a feitoria fundada pelo navegador Fernando de Noronha, que obteve da coroa uma concessão de exploração exclusiva da valiosa madeira. Na primeira exportação de que se tem notícias, 5 mil toras foram embarcadas para Lisboa. Ao longo das primeiras décadas do século XVI, as chamadas expedições de proteção do litoral, comandada por nomes importantes dos primeiros tempos de colonização da América portuguesa, como Cristovão Jaques, Pero Lopes de Souza e Martim Afonso, conseguiram apreender diversos navios franceses carregados com pau-brasil, o que demonstra sua alta demanda na época e o crescente impacto da atividade no desmatamento da Mata Atlântica.

Valorizada na Europa por suas propriedades corantes e como matéria-prima de móveis, o pau-brasil foi explorado utilizando-se de mão-de-obra indígena, que fazia o duro trabalho de identificação, derrubada e transporte das toras até as feitorias portuguesas localizadas no litoral, como as de Pernambuco e Cabo Frio, no sistema de escambo, trocando a madeira por produtos de pequeno ou nenhum valor, como espelhos, facões e pentes. Dessa forma, organizou-se um sistema de exploração no qual as feitorias, localizadas no litoral, eram os locais de armazenamento e embarque de grandes quantidades de madeiras exploradas por toda a costa. A intensidade da derrubada foi tão grande que, no primeiro século de efetiva exploração do litoral brasileiro pelos portugueses, estima-se que cerca de 2 milhões de árvores tenham sido retiradas das florestas, desmatando uma área de aproximadamente 6.000 km2 de Mata Atlântica. Outras madeiras de alto valor também foram exploradas até a extinção, como por exemplo a tapinhoã, sucupira, canela, canjarana, jacarandá, araribá, pequi, jenipaparana, peroba, urucurana e vinhático.
 

CURIOSIDADE

O pau-brasil

Uma das primeiras modalidades de exploração dos recursos naturais da Mata Atlântica pelos colonos portugueses foi a partir da ibirapitanga, que em tupi significa árvore vermelha. Trata-se de uma espécie nativa e exclusiva da Mata Atlântica e que passou rapidamente a ser referida como pau-brasil pelos portugueses devido à semelhança com uma outra espécie de tronco avermelhado, proveniente da Ásia. A origem do nome vem da palavra bersil, que significava brasa no português da época, em alusão ao vermelho característico da planta. Apesar de há muito já ser conhecida pelos povos nativos e europeus, foi apenas no final do século XVIII que a espécie foi formalmente descrita pela ciência, sendo, por Lamarck, batizada como Caesalpinia echinata (atual Paubrasilia echinata). 

Figura 21 - Artigo de descrição do Lamarck

Fonte: https://www.biodiversitylibrary.org/page/717053#page/510/mode/1up. [texto completo] Fornecido por Jardim Botânico de Missouri - Biblioteca Peter H. Raven. Fragmento de artigo.  

Figura 22 - Flores e folhas do pau-brasil

Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=17781009. By mauroguanandi - due to my irrigation...FLOWERS IN THIS PAU-BRASIL THIS YEAR" "Caesalpinia echinata" Pernambuco BrazilwoodUploaded by uleli, CC BY 2.0.  

Figura 23 - Pau-Brasil

Fonte: https://commons.wikimedia.org/w/index.php?curid=1176402 . By Der Kolonist - Own work, CC BY 2.5, Frutos do Pau-Brasil  

Figura 24 - Pau-brasil

Fonte: https://www.flickr.com/photos/41597043@N00/31929596488. Foto: mauro halpern.  

O interesse pelo pau-brasil passava, sobretudo, pela extração de um corante vermelho utilizado, principalmente, na produção têxtil, além do uso nas indústrias moveleira e naval. Mas não é só isso, a exploração do pau-brasil foi determinante também para o universo musical. A utilização de sua madeira na produção de arcos para instrumentos de corda, como violino e violoncelo, teve início no século XVIII e foi revolucionária para a música clássica daquela época. Na verdade, a espécie vem sendo explorada, até os dias de hoje, para essa finalidade. Para agravar esse cenário, por ser uma árvore longeva que pode atingir várias centenas de anos e dependente de ambiente muito específico, estratégias de plantio comercial costumam ser ignoradas por não serem consideradas rentáveis. Por isso, o pau-brasil deixou de ser uma imponente árvore comum na Mata Atlântica, sendo hoje considerada uma espécie ameaçada de extinção.

E, para aqueles que gostam de datas comemorativas, não custa lembrar: dia 03 maio, desde 1978, quando passou a ser considerada Árvore Nacional, é comemorado o Dia do Pau-Brasil! Trata-se da Lei Federal Nº 6.607, DE 7 DE DEZEMBRO DE 1978, sancionada pelo presidente da república Ernesto Geisel.

Referências 

BARRETO, M.P. A Mata Atlântica e o Ensino de História: da pré-história ao período colonial brasileiro. Movimento-revista de educação, Niterói, ano 4, n.6, p.272-305, 2017.

DEAN, W.  A ferro e fogo. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

FREDERICO, S. Território e cafeicultura no Brasil: uma proposta de periodização. Geousp – Espaço e Tempo [Online], v. 21, n. 1, p. 73-101, abril. 2017. ISSN 2179-0892.

Jornada Capixaba. Pau-brasil: avanços no conhecimento e implicações para a conservação – Prof. Dr. Haroldo Lima [Palestra] https://www.youtube.com/watch?v=8XNbyoHfXGI&t=1022s

Murlat, M.V. (2006). A árvore que se tornou país. Revista USP, São Paulo, n.71, p. 171-198. - https://www.revistas.usp.br/revusp/article/download/13560/15378/16535

Conexão

Economia açucareira - desmatamento e substituição da mata nativa brasileira

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Published in 5/07/2023

Updated in 26/07/2023

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