“A Night with Mike” e “Bestiário masculino-feminino” - Copy
A Night with Mike, Michael Smith

O humor trágico, ao mesmo tempo cômico e patético, predomina na performance do artista norte-americano Michael Smith (Chicago, Illinois, EUA, 1951) que apresenta seu alter ego Mike, personagem protagonista recorrente em suas criações, seja vídeo, instalação ou performance. Mike é um homem comum que, segundo o autor, “acredita em tudo e não entende nada” em seu mundo saturado de informação. Por meio do personagem, ele tem vivido cenas banais do cotidiano que revelam seu esforço hilariante de tentar o sucesso sem obter êxito, numa crítica ácida ao mundo do consumo e da cultura de massa. Na versão para o Festival, Smith apresenta Mike preparando-se para ir a uma festa que pode nunca ocorrer; temas como exclusão, solidão e banalidades ocupam a mente de Mike ao longo do dia. Na obra de Smith, a linguagem do vídeo surgiu como um meio para desenvolver uma narrativa, tecida por meio de seu alter ego, declaradamente inspirado em comediantes célebres do cinema, como Buster Keaton (EUA, 1895-1966).

Saiba mais sobre a obra aqui.
Bestiário masculino-feminino, Waly Salomão

Happening orgiástico, trazia o espectador para a “morada eletrônica” vislumbrada por Waly Salomão (1944-2003): um espaço de referências culturais estilhaçadas e reminiscências de festas populares e da TV. Os espectadores vestiam máscaras, mulatas exibiam adereços carnavalescos e Salomão recitava poemas ao som de uma trilha original produzida e executada ao vivo pelo iugoslavo Suba, com os músicos Siba, Davi Moraes, João Parahyba e BiD. A obra foi comissionada pela Associação Cultural Videobrasil.
Waly Salomão (Brasil, 1944-2003)
O poeta e multiartista Waly Salomão entrou no cenário musical como letrista e trabalhou como produtor e diretor artístico. Em parceria com Jards Macalé, escreveu canções como Vapor barato e Mal secreto, gravadas por Gal Costa em 1968 (Brasil, 1945), que foi dirigida por ele no espetáculo Fa-tal (1971). Escreveu as letras de Mel e Talismã, de Caetano Veloso (Brasil, 1942) , gravadas por Maria Bethânia em 1979 (Brasil, 1946). Compôs também com Lulu Santos (Brasil, 1953), Roberto Frejat (Rio de Janeiro, Brasil, 1962) e Adriana Calcanhoto (Brasil, 1965). Com Gilberto Gil (Brasil, 1942), concebeu a trilha sonora do filme Quilombo (1984), de Cacá Diegues (Brasil, 1940). Em 1971, lançou seu primeiro livro de poesia, Me segura qu'eu vou dar um troço, inspirado em sua experiência na cadeia. A diagramação é assinada por Hélio Oiticica (Brasil, 1937-1980), de quem, mais tarde, escreveu a biografia Qual é o parangolé. Publicou ainda Gigolô de bibelôs (1983), Lábia (1998), entre outros textos marcados pelo modo inquieto, provocador e liberto de amarras de Waly. Integrou o Conselho Curatorial da Associação Cultural Videobrasil, com quem manteve relações desde 1996. Criou, ao lado de Carlos Nader (Brasil, 1964), a performance Bestiário masculino-feminino, apresentada no 12º Festival Videobrasil (1998). Foi articulador do conceito Deslocamentos, eixo curatorial do 14º Festival Videobrasil (2003).
Carlos Nader (Brasil, 1964)
Experimentando e cruzando linguagens que vão da videoarte ao documentário, Nader é um realizador com forte apelo ensaístico. Preocupado com a complexidade da cultura contemporânea brasileira e sua dimensão midiática, busca na investigação de determinados personagens — anônimos, personalidades e artistas — os mais variados traços de identidades urbanas. De natureza documental, Beijoqueiro (1992) foi um dos vídeos nacionais mais reconhecidos da década de 1990, ao sintetizar em sua produção características comuns à sua geração. Em sequência, realizou os filmes Trovoada (1995), O Fim da Viagem (1996) e Carlos Nader (1998). Neste último, o conceito de autobiografia é desconstruído, ao misturar sua própria imagem com depoimentos de travestis, filósofos, poetas e bandidos. Ao longo dos anos 2000, Nader concentrou suas atividades no exterior, onde dirigiu documentários e criou videoinstalações para centros culturais locais, participando de diversos festivais e exposições coletivas. Realizou uma série de outros filmes, como: Concepção (2001), Flor da Pele (2002), Cross (2003), RBS: 50 anos da televisão no Brasil (2007), Pan-Cinema Permanente (2008), Chelpa Ferro (2009), da série Videobrasil Coleção de Autores, e Eduardo Coutinho – 7 de outubro (2013). Recentemente, ganhou consecutivamente os prêmios de Melhor Documentário Brasileiro de Longa-metragem nas duas últimas edições do Festival É Tudo Verdade, pelos filmes Homem Comum (2014) e A Paixão de JL (2015). No início de sua trajetória, editou as revistas Caos, de 1987 a 1989, e Circuit, em 1990. Além dos trabalhos autorais, também é roteirista de TV, produtor de filmes, curador de eventos e jornalista. Vive e trabalha em São Paulo, Brasil.
Veja aqui um vídeo da performance durante o 12º Festival de Arte Contemporânea Sesc Videobrasil em 1998.
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