FLORESTA PETRIFICADA

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O MUNDO E O BRASIL AO FINAL DO PALEOZOICO: O PERÍODO PERMIANO

Planeta Terra, de 299 a 251 milhões de anos. A era Paleozoica chegava ao fim com o período Permiano. Os mais diversos insetos e vertebrados habitavam a Terra: estes eram os primeiros ancestrais dos mamíferos, répteis e aves. Registrou-se aqui a proliferação das coníferas, grupo vegetal que manteve o seu domínio até o surgimento das angiospermas no período Cretáceo. É concluída a formação do supercontinente Pangeia, rodeado pelo oceano global conhecido como Pantalassa. 

Pangeia. Fonte da imagem: tempo.com 

O oceano Atlântico ainda não existia e o território que hoje conhecemos como Brasil estava unido ao continente africano. Nesse período, na região que futuramente se tornaria o Brasil, constitui-se a Formação Irati, como pode ser visto no evento 

. Além dela, surge nesse período a região que hoje é considerada um dos maiores patrimônios paleontológicos a céu aberto do mundo: a Floresta Petrificada do Tocantins Setentrional (FPTS), localizada em pleno Cerrado brasileiro.

A FLORESTA PETRIFICADA DO BRASIL E O CAULE FOSSILIZADO NO MUSES

Os fósseis são considerados verdadeiros tesouros para estudantes e pesquisadores que fazem descobertas incríveis sobre o passado da vida na Terra. E o Museu de História Natural do Sul do Estado do Espírito Santo (MUSES) possui algumas peças fossilizadas importantes em seu acervo histórico e científico. Uma delas é o caule petrificado da Floresta Petrificada do Tocantins Setentrional, situada numa região de Cerrado. Você sabia que esse é o segundo maior bioma da América do Sul?

Caule Petrificado da Floresta Petrificada do Tocantins Setentrional exposto no Muses.  

O Cerrado é um ecossistema presente nos estados de Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Bahia, Maranhão, Piauí, Rondônia, Paraná, São Paulo, Amapá, Roraima, Amazonas e no Distrito Federal. Caracterizado pelas estações bem definidas de seca e chuva, apresenta vegetação composta por árvores pequenas, de arbustos retorcidos, e plantas rasteiras, detendo 5% da biodiversidade do planeta. Além disso, a região abriga cerca de 11.627 espécies de plantas nativas e cerca de 320 mil espécies de animais. Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o cerrado ocupa hoje uma área de 2.036.448km² - correspondendo a quase 22% de todo o território nacional -, mas apenas 8,21% desse território é protegido legalmente por unidades de conservação.

O Cerrado. Fonte da imagem: Wikipedia 

Como pode ser acompanhado com frequência pela mídia, o Cerrado tem passado por um período de devastação sem precedentes na história. A ausência de políticas ambientais por parte do Governo Federal tem provocado, desde 2019, um aumento expressivo das queimadas e do desmatamento ilegal visando o solo para uso agrícola e o aumento de núcleos urbanos. Uma das maiores vozes ativas em defesa desse ecossistema tem sido a cientista e pesquisadora chileno-brasileira Mercedes Bustamante, que tem pontuado nos últimos anos a necessidade de um equilíbrio entre a conservação do Cerrado com a produção de alimentos e as demandas do uso de recursos como a água. Além disso, a especialista reforça que o aquecimento global (como pode ser visto em 

) tem agravado a degradação deste bioma. É nesse cenário que se encontra a Floresta Petrificada do Tocantins Setentrional.

Situada no município de Filadélfia (TO), esse sítio paleobotânico atualmente faz parte do Parque das Árvores Petrificadas, administrado pelo Governo Estadual e que ocupa uma área de 32 mil hectares. Nessa área foram identificados fósseis que um dia fizeram parte da vegetação da região durante o período Permiano, há cerca de 310 milhões de anos. Mas o enigma que fica para nós é: como esses fósseis chegaram até nós, nos dias atuais?

Floresta Petrificada do Tocantins Setentrional

Bem, não podemos esquecer que, no final da era Paleozoica, o mundo entrou numa fase de convergência continental, em que as massas de terra se aproximaram para formar uma Pangeia. As suas condições climáticas específicas (clima quente ao centro e úmido nas bordas) favoreceram o processo de fossilização da vegetação da época, preservadas de forma excepcional. Os caules de samambaias gigantes do gênero Psaronius passaram por esse processo, por exemplo. Essas espécies eram predominantes no Permiano e podiam chegar a até 30m de comprimento! Um outro fator que pode ter contribuído para essa preservação foi a ausência de organismos decompositores de lignina, que nesse período ainda não haviam evoluído.  Assim como podemos observar em 

, a vegetação que morria não se decompunha, sendo com o tempo preservada e fossilizada. Foi desse processo que surgiu essa floresta petrificada.

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Published in 16/06/2021

Updated in 24/09/2021

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