FLORESTAS DE SAMAMBAIA DO CARBONÍFERO

358000001 BCE (Circa)View on timeline

DAS ÁGUAS À TERRA FIRME: 

A ASCENSÃO DAS PLANTAS NO PLANETA TERRA

As plantas fazem parte do seu cotidiano? Você possui o hábito de cultivá-las?

Um dado recente mostrou que, com a pandemia do novo coronavírus, o cultivo de plantas se popularizou entre uma parcela da população brasileira. Segundo o Instituto Brasileiro de Floricultura, em 2020 a venda de plantas ornamentais e flores de vaso no Brasil teve um crescimento de 10% em relação a 2019. E os motivos para isso envolvem o isolamento social provocado pelas medidas sanitárias contra a Covid-19: com a necessidade de permanecer em casa e maior tempo livre, as pessoas desenvolveram o hábito de cultivar plantas, tais como cactos, suculentas, jiboias, samambaias etc.

Em 2020, o cultivo de plantas em casa cresceu 10% em relação ao ano de 2020. Fonte da imagem: Min An/Pexels 

Mas dessas plantas citadas, você sabia que a samambaia ocupa um lugar particular na história da vida em nosso planeta? Vista como ornamental, essa planta é considerada uma das principais responsáveis pelo desenvolvimento da flora terrestre. Uma das peças do Museu de História Natural do Sul do Estado do Espírito Santo (Muses) que nos ajudará a contar essa história é o fóssil de samambaia do período Cambriano. Ela nos leva a 359 milhões de anos atrás, época em que as Grandes Florestas de Samambaia ocupavam grandes extensões da Terra!

AS GRANDES FLORESTAS DE SAMAMBAIA DO CARBONÍFERO

Uma das autoridades mundiais no estudo da flora pré-histórica foi a brasileira Diana Mussa (1932-2007), conhecida pelo legado de seu trabalho com fósseis paleozoicos, mesozoicos e alguns quaternários. Suas pesquisas ofereceram caminhos para entender o surgimento das primeiras florestas durante o período Devoniano. Como pode ser visto em 

, a redução de C02 nas porções terrestres naquele momento permitiu a ascensão das grandes florestas no penúltimo período do éon Proterozoico, o Carbonífero. 

O Carbonífero foi marcado pela formação da Pangeia e pela explosão da vida, como pode ser notado em  

Além disso, a proliferação de florestas de pteridófitas levou o período a ficar conhecido como a “Idade das Grandes Florestas”. Nessa época, os vegetais (presentes em abundância) foram fundamentais para a diminuição do nível de gás carbônico na atmosfera terrestre e aumento do oxigênio no planeta. Isso permitiu a proliferação e diversificação não só da flora, mas também da fauna no planeta. 

As florestas de samambaia eram muito comuns no Carbonífero. Fonte da imagem: © Sergey Krasovskiy 

As pteridófitas compunham o grupo vegetal predominante entre 359 e 299 milhões de anos atrás: eram espécies sem sementes, adaptadas a ambientes úmidos e pantanosos, que se reproduziam por meio de esporos dispersos pelo vento ou por fungos. Essas plantas possuíam vasos condutores de seiva, responsáveis ​​pela comunicação entre a raiz da planta e suas extremidades, como as folhas. Com essa adaptação evolutiva, elas se tornam maiores e mais rígidas, garantindo a possibilidade de ficarem eretas e a resistirem a ventos e ou colisões com animais grandes. 

Durante a Idade das Grandes Florestas, as florestas eram muito diferentes das que conhecemos hoje. Grandes extensões de terra eram inteiramente cobertas por… samambaias gigantes? Sim, acredite! Para termos uma noção, as angiospermas (vegetação com sementes e produtora de flores e frutos) só surgiram por volta de 290 milhões de anos, no período Permiano.

As samambaias são representantes da pteridófitas. Fonte da imagem: Dominika Roseclay/Pexels 

As samambaias (ou fetos) são famosas representantes das pteridófitas. Seu nome tem origem na língua tupi e significa “o que se torce em espiral”, por se desenrolarem à medida em que a folha cresce (vernação circinada). Outros exemplos de plantas desse tipo são as avencas e as cavalinhas, mas não se engane: os exemplares vegetais que conhecemos hoje são resultado de um longo processo evolutivo que as diferem das espécies existentes há milhões de anos. As samambaias do Carbonífero, por exemplo, podiam chegar de 1 até 15m de altura! E no MUSES você pode ver de perto o fóssil de uma delas, datada desse período, do gênero Pecopteris.

Samambaia exposta no Muses. 

 

OS INVERTEBRADOS GIGANTES DO CARBONÍFERO

O surgimento das florestas de samambaia foi favorecido pelo clima muito quente e úmido da Terra durante o Carbonífero. No entanto, não foi apenas a vegetação que se beneficiou com essas condições. Segundo alguns achados paleontológicos, existiram no passado insetos gigantes, tais como centopeias de 2m de comprimento e baratas e escorpiões de 1m, entre outros. Você já imaginou se as nossas conhecidas baratas tivessem um tamanho maior hoje em dia? Parece coisa de filme de fantasia ou de livros como Viagem ao Centro da Terra, do escritor francês Júlio Verne (1828-1905), mas naquela época animais desse tipo eram uma realidade. Mas o que justificaria esse tamanho todo?

O Período Carbonífero.

Não devemos esquecer que, com a predominância das plantas, os níveis de oxigênio na atmosfera terrestre aumentaram, girando em torno de 35% da composição do ar (hoje esse nível é próximo dos 21%). Em consequência, essa quantidade grande de oxigênio no ar favoreceu o gigantismo de alguns insetos. Imagine que, por exemplo, os gastos energéticos para voar das libélulas de quase 1m de envergadura eram absurdos! Com grandes quantidades de oxigênio disponíveis, o voo não seria um problema e as florestas do Carbonífero estariam livres para serem o pesadelo de qualquer entomofóbico (aquela pessoa que possui medo de insetos). 

Desses invertebrados que apareceram no Carbonífero, não podemos esquecer deles: os aracnídeos. Conhecidos pelas espécies venenosas e de hábitos carnívoros e predadores, essa subclasse do filo dos artrópodes inclui aranhas, carrapatos, ácaros, opiliões e escorpiões. A coleção do MUSES reúne alguns deles em exposição. Entre as peças de seu acervo, é possível vermos de perto aranhas e escorpiões, por exemplo. Essa aranha da foto [INSERIR INFORMAÇÕES COMPLEMENTARES]

Aranha exposta no Muses. 

Uma das características mais marcantes desses insetos é apresentarem um corpo dividido em duas regiões: opistossoma (região posterior) e prossoma (região anterior). O prossoma é onde está localizada uma quelícera, estrutura responsável pela inoculação de veneno nas presas. Já o opistossoma é onde se encontra o intestino, o ânus e as gônadas reprodutivas. Das mais de 60 mil espécies já catalogadas de aracnídeos, as aranhas formam um dos maiores grupos, ficando atrás apenas dos ácaros. São cerca de 40 mil espécies, divididas em mais de 100 famílias.

Para conhecer melhor as aranhas, vamos aqui relembrar de um dos super-heróis mais populares do Universo Marvel: o Homem-Aranha! Você consegue recordar as habilidades dele? Saiba que algumas delas possuem de fato relação com as aranhas da vida real. As temíveis aranhas são conhecidas por terem órgãos sensoriais bem desenvolvidos. Apesar de utilizarem a visão de forma secundária e não possuírem ouvidos, elas se guiam pela vibração do som em cerdas táteis espalhadas por todo o corpo, extremamente sensíveis à movimentação sonora e atmosférica.

As aranhas se guiam pela vibração do som em cerdas táteis espalhadas por todo o corpo. Fonte da imagem: Michael Willinger/Pexels 

Segundo o Portal Ponto Biologia, as aranhas consomem anualmente uma média de 400 a 800 toneladas de insetos, hábito que faz com que tais aracnídeos desempenhem um papel fundamental para o equilíbrio ecológico. Agindo como predadoras de insetos, as aranhas são capazes de manter a regulação dessas populações. Mas não podemos esquecer que elas, além de servirem de alimento para muitas outras espécies, possuem uma importância para a Medicina, já que o veneno desses animais é fonte para produção de novos medicamentos e vacinas. A descoberta dos soros antipeçonhentos (antiofídicos e antiaracnídeos) no começo do século XX, pelo médico e imunologista brasileiro Vital Brazil (1865-1950), culminou na criação daquele que é atualmente o principal produtor de vacinas contra o Novo Coronavírus no Brasil: o Instituto Butantan. Criada em 1901, a instituição está localizada na cidade de São Paulo e é vinculada à Universidade de São Paulo (USP). Além disso, o Instituto Butantan responde pela maior parte da produção de vacinas usadas no Plano Nacional de Imunizações (PNI), vinculado ao Ministério da Saúde.

A FORMAÇÃO DOS COMBUSTÍVEIS FÓSSEIS NO CARBONÍFERO

Como observamos, as árvores do Carbonífero não liberavam totalmente o carbono que absorviam pela fotossíntese, o que manteve a predominância de oxigênio na atmosfera terrestre. Naquela época, ainda não existiam bactérias responsáveis pela decomposição da madeira. Com o tempo, essas florestas de samambaias foram morrendo, sem os organismos necessários para romper suas células e liberar o CO2 presente nelas. O resultado disso foi que grande parte desse gás carbônico captado pelas pteridófitas foi enterrado junto com elas. Essa matéria orgânica não decomposta foi sendo cada vez mais enterrada no solo por novas camadas de florestas e sedimentos e, com a alta pressão e o calor, formaram o carvão mineral. Foi nesse momento que surgiu o que hoje chamamos de combustível fóssil.

O carvão mineral se originou no período carbonífero. 

O uso do carvão permitiu a geração de energia das máquinas durante a Primeira Revolução Industrial, iniciada na Inglaterra em meados do século XVIII. Os seres humanos modernos haviam descoberto então que a queima dessa rocha sedimentar liberava a energia que foi, literalmente, retida dentro de troncos de árvores fossilizados há milhões de anos. Contudo, esse recurso natural é finito, ou seja, não pode ser regenerado ou reposto dentro de uma escala de tempo em que o consumo se torna excessivo. Com o avanço econômico, tecnológico e industrial, vemos até hoje que a extração e utilização de outros combustíveis fósseis - tal qual o petróleo - causou (e ainda tem causado) impactos negativos ao meio ambiente, como você pode notar em 

Uma breve história dos fósseis.

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Published in 16/06/2021

Updated in 24/09/2021

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