PRIMEIRAS PLANTAS

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AS PLANTAS DE HOJE CONTAM HISTÓRIAS MILENARES

Em abril de 2021, a renomada revista científica Science publicou um artigo intitulado Extinção no final do Cretáceo e a origem das modernas florestas neotropicais. Nele, os pesquisadores do Instituto Smithsonian de Pesquisas do Panamá afirmaram que o Asteróide de Chicxulub (aquele mesmo que pode ser visto em 

), que caiu no México há aproximadamente 66 milhões de anos, mudou a estrutura das florestas tropicais, tal como a Amazônia. Os impactos ambientais dessa queda resultaram numa transformação radical, que as tornou mais densas e diversas. Mas essa não foi a única transformação a qual a flora presente na Terra já passou. 

Asteroide de Chicxulub, que extinguiu os dinossauros há 66 milhões de anos, mudou a estrutura das florestas tropicais. Fonte da imagem: Geralt/Pixabay.          

Você já se perguntou como, quando e onde surgiram as primeiras plantas? Quais caminhos evolutivos elas percorreram para chegar nos parques, avenidas e calçadas das nossas cidades ou no simples vasinho de planta de nossas casas? Até as adoráveis e amadas plantas que nós conhecemos hoje, estes seres vivos deram um salto fundamental para o ambiente terrestre, num processo iniciado há mais ou menos 450 milhões de anos, após a Explosão Cambriana, no período Siluriano do éon Proterozoico.

AS ALGAS MARINHAS E O SURGIMENTO DAS PRIMEIRAS PLANTAS

Como pode ser observado em 

, o final do período Siluriano foi marcado pela recuperação da vida no planeta após uma severa Era Glacial. Formaram-se ecossistemas mais complexos e seres que viviam tanto na água quanto na terra. Nessa época também surgem os primeiros peixes ósseos (como também é visto em 

) e as primeiras plantas terrestres. Mas, na verdade, a flora da Terra começou num lugar que nós já conhecemos: o mar.

No período Siluriano, o continente é atingido por uma glaciação e, assim, somente os seres que conseguiram se adaptar às baixas temperaturas sobreviveram. Fonte da imagem: mundopre-historico.blogspot.com  

Uma das primeiras habitantes do meio aquático foram as algas marinhas, que posteriormente deram origem às primeiras plantas. Isso se deu quando as algas verdes começaram a interagir com componentes celulares dos primeiros fungos viventes fora da água. Tal conexão possibilitou com que algumas algas vivessem em terra firme e, eventualmente, outros grupos evoluíssem, como aconteceu com as cooksonias

COOKSONIA: A PRIMEIRA PLANTA TERRESTRE

Você sabia que não foram só dinossauros e outros animais que ficaram registrados em fósseis? A cooksonia, por exemplo, foi a primeira planta terrestre, e um de seus registros hoje faz parte da coleção do Museu de História Natural do Sul do Estado do Espírito Santo, o Muses

Réplica da Cooksonia exposta no Muses.  

Os primeiros fósseis dessa planta pré-histórica foram identificados e conhecidos em 1937, pelo botânico britânico William Henry Lang (1874-1960) e datam de 433 a 427 milhões de anos atrás. O nome "Cooksonia" tem origem no nome de Isabel Clifton Cookson (1893-1973), uma importante paleobotânica australiana - que desenvolveu pesquisas pioneiras sobre a importância dos microfósseis de plantas na formação do petróleo - e também parceira de trabalho de Lang. 

Os fósseis de cooksonias estão distribuídos em todo o globo terrestre, principalmente nas margens de lagos. Esse gênero, que não possuía folhas, flores ou raízes, podia chegar de 5 a 10cm de altura. Seu tamanho pequeno conduziu interpretações diversas por parte dos estudiosos acerca do hábito de vida dessas plantas, seu enraizamento e interação com o substrato. Com troncos ramificados e esporângios terminais, a Cooksonia se dividia em vários pontos e possivelmente se fixava no solo por caules subterrâneos que cresciam rente ao solo, facilitando seu apoio à terra. Além disso, as pontas de seus ramos tinham cápsulas produtoras de esporos, chamadas de esporângios terminais. Estas eram fundamentais no desenvolvimento da planta e continuidade de seu ciclo de vida. 

Réplica da Cooksonia exposta no Muses.  

Algumas evidências científicas indicam que as cooksonias apresentavam variações em sua estrutura física. A espécie Cooksonia paranensis, por exemplo, apesar de não ter sido identificada com esporos ao redor do local onde foi encontrada, foi equipada com terminais produtores de esporos em formato de copo. Com essa variabilidade entre as espécies já encontradas, constatou-se que essas plantas são um grupo descendente de um ancestral comum. A jazida geológica Cherte de Rhynie, na Escócia, formada há cerca de 416 a 359 milhões de anos, apresenta uma variedade de informações que implica que todas as plantas terrestres, ou pelo menos como plantas vasculares, derivam de um único ancestral comum, possivelmente relacionado ao gênero das cooksonias.

Apesar da morfologia de sua estrutura ainda ser um mistério para os pesquisadores, as cooksonias são consideradas quase “protótipos” das plantas que conhecemos hoje. Suas características demonstram que essas já são representantes das traqueófitas (plantas que possuem vasos condutores de seiva, água e nutrientes), ainda que bastante simples. Esses vasos, denominados de “xilema” e “floema”, permitem o transporte mais eficiente de água e nutrientes ao transporte por osmose (célula a célula).

Com isso, algumas plantas terrestres puderam alcançar tamanhos maiores e maior independência do ambiente aquático, como as samambaias que conhecemos hoje. Estas novas espécies foram responsáveis ​​pelo aumento da produção de oxigênio no planeta, no evento denominado Idade das Grandes Florestas (que você pode conhecer em

), permitindo a proliferação e diversificação da fauna e da flora terrestre.

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Published in 16/06/2021

Updated in 24/09/2021

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