Arquitetura e Manuais de Normas

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Renascimento, Renascença ou Renascentismo são os termos usados para identificar o período da história da Europa aproximadamente entre meados do século XIV e o fim do século XVI. Os estudiosos, contudo, não chegaram a um consenso sobre essa cronologia, havendo variações consideráveis nas datas conforme o autor. Apesar das transformações serem bem evidentes na cultura, sociedade, economia, política e religião, caracterizando a transição do feudalismo para o capitalismo e significando uma evolução em relação às estruturas medievais, o termo é mais comumente empregado para descrever seus efeitos nas artes, na filosofia e nas ciências.

Chamou-se Renascimento em virtude da intensa revalorização das referências da Antiguidade Clássica, que nortearam um progressivo abrandamento da influência do dogmatismo religioso e do misticismo sobre a cultura e a sociedade, com uma concomitante e crescente valorização da racionalidade, da ciência e da natureza. Neste processo o ser humano foi revestido de uma nova dignidade e colocado no centro da Criação, e por isso deu-se à principal corrente de pensamento deste período o nome de humanismo.

O artista no Renascimento era um profissional. Até o século XVI são extremamente raros os exemplos documentados de obras criadas fora do sistema de encomenda, e a maciça maioria dos profissionais estava ligada a uma guilda.

A contribuição dos artistas do Renascimento é mais lembrada pelos grandes altares, os monumentos, as esculturas e pinturas, mas as oficinas de arte eram empresas de mercado variadíssimo. Além das grandes obras para igrejas, palácios e edifícios públicos.

Dentre as características mais notáveis da arquitetura renascentista está a retomada do modelo centralizado de templo, desenhado sobre uma cruz grega e coroado por uma cúpula, espelhando a popularização de conceitos da cosmologia neoplatônica e com a inspiração concomitante de edifícios-relíquias como o Panteão de Roma. O modelo tinha como base uma escala mais humana, abandonando o intenso verticalismo das igrejas góticas e tendo na cúpula o coroamento de uma composição que primava pela inteligibilidade. Especialmente no que toca à estrutura e técnicas construtivas da cúpula, grandes conquistas foram feitas no Renascimento, mas ela foi um acréscimo tardio ao esquema, sendo preferidos os telhados de madeira. Das mais importantes são a cúpula octogonal da Catedral de Florença, de Brunelleschi, que não usou andaimes apoiados no solo ou concreto na construção, e a da Basílica de São Pedro, em Roma, de Michelangelo, já do século XVI.

Antes do Cinquecento não havia uma palavra para designar os arquitetos no sentido em que hoje são entendidos, e eram chamados de mestres de obras. A arquitetura era a mais prestigiada arte do Renascimento, mas a maior parte dos principais mestres do período, quando iniciaram sua prática nas artes edificatórias, já eram artistas reputados mas não tinham nenhuma formação no campo, e vinham da escultura ou da pintura. Eles eram chamados para os grandes projetos de edifícios públicos, palácios e igrejas, e a arquitetura popular era encarregada a pequenos construtores. Ao contrário da prática medieval, caracterizada pela funcionalidade e irregularidade, os mestres concebiam os edifícios como obras de arte, estavam cheios de ideias sobre geometrias divinas, simetrias e proporções perfeitas, desejosos de imitar os edifícios romanos, e criavam desenhos detalhados e uma maquete do prédio em pequena escala em madeira, que serviam como projeto para os construtores. Esse projetos eram estrutural e plasticamente inovadores, mas pouco atentos à sua viabilidade prática e às necessidades do uso diário, principalmente na distribuição dos espaços. Eram os construtores que deviam resolver os problemas técnicos que surgissem ao longo da obra, procurando manter o desenho original, mas muitas vezes fazendo importantes adaptações e mudanças no meio do caminho, se o desenho ou alguma parte dele se revelasse impraticável. Segundo Hartt, quando começavam obras grandes e complexas como as igrejas, poucas vezes os construtores estavam seguros de poder chegar até o final. Contudo, alguns mestres trabalharam nisso por longos anos e se tornaram grandes conhecedores do assunto, introduzindo importantes novidades técnicas, estruturais e funcionais. Eles também projetavam fortificações, pontes, canais e outras estruturas, além de planos de urbanismo em grande escala. A maior parte dos muitos planos urbanísticos renascentistas jamais se concretizou, e dos que foram iniciados nenhum foi muito longe, mas desde lá têm sido uma fonte de inspiração para os urbanistas de todas as gerações.

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Published in 19/05/2020

Updated in 19/02/2021

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