EXPLOSÃO DA VIDA

477700001 BCE (Circa)View on timeline

O CAMBRIANO E A EXPLOSÃO DA VIDA

Que imagens vêm à mente quando pensamos em “vida”? A Hipótese Gaia (elaborada pelo cientista inglês James Lovelock (1919-) em 1979), por exemplo, sugeriu que a Terra é uma vida, um “superorganismo” vivo, capaz de obter energia e autoregenerar-se para manter seu equilíbrio. Já o Dicionário Online Aulete indica que “vida é a condição de certos seres da natureza de realizarem transformações em moléculas orgânicas (o que lhes permite crescer, mover-se, reproduzir-se, e executar funções diversas)”. E para você, o que “vida” significa? Veremos a seguir como ela se consolidou em nosso planeta.

Como pode ser observado em 

, a vida apareceu na Terra há 2,5 bilhões de anos, em formas microscópicas que chegaram a nós em estruturas rochosas construídas por colônias de organismos microscópicos fotossintetizantes, denominados estromatólitos. Desse tempo remoto, o planeta passou por eventos radicais que alteraram drasticamente sua condição geológica e a vida já presente aqui. Em 

é possível conhecer alguns deles: o aumento da atividade vulcânica que agravou o aquecimento terrestre, o Grande Evento da Oxigenação e o resfriamento do planeta durante a Terra Bola de Neve. Contudo, a explosão da vida de forma mais volumosa ocorreu em tempos mais recentes, por volta de 530 milhões de anos atrás, no período Cambriano.

Estromatólitos de Shark Bay, na Austrália.
Fonte da imagem: casadasciencias.org   

Compreendida entre 542 a 488 milhões de anos atrás, a Explosão Cambriana é considerada por muitos um dos eventos mais importantes da história terrestre. A descoberta de registros fósseis mais complexos em torno desse período acontece no século XVIII, com os achados do geólogo e paleontólogo William Buckland (1784-1856). Esse súbito aparecimento de registros de animais antigos sem ancestrais próximos constituiu uma das maiores objeções à famosa Teoria da Evolução, publicada no livro A Origem das Espécies em 1859, pelo naturalista e biólogo britânico Charles Darwin (1809-1882).

William Buckland, geólogo e paleontólogo responsável pela descoberta e registro de fósseis complexos do período Cambriano no séc. XVIII. Fonte da Imagem: citacoes.in   

Ainda que tenha acontecido num curto período de tempo do ponto de vista geológico (em torno de 40 milhões de anos), os resultados da Explosão Cambriana foram muito significativos para a evolução da vida, com o surgimento de organismos marinhos pluricelulares complexos (os metazoários) e a diversificação de filos (classificação científica dos seres vivos). 

A FORMAÇÃO DAS ROCHAS ÍGNEAS E METAMÓRFICAS

Você já se perguntou como se formam os minerais e as rochas? Como também pode ser visto em 

, estes foram formados há milhões de anos, desde os primórdios da Terra. Algumas pesquisas publicadas do século XIX por geólogas, tais como Elizabeth Carne (1817-1873) e Florence Bascom (1862-1945), foram pioneiras nesse campo. Esses estudos evidenciaram como as transições geológicas ocorridas no planeta e as atividades vulcânicas são determinantes para a composição de rochas e minerais, tais como: o granito, o norito, o topázio e o diabásio.

Segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), os minerais são materiais sólidos naturais, inorgânicos, homogêneos, de composição química definida e estrutura cristalina. Já as rochas se constituem como um agregado natural de minerais (geralmente dois ou mais), em proporções definidas, podendo ocorrer em extensões consideráveis. Com o reaquecimento do planeta e a intensificação das atividades vulcânicas na litosfera terrestre, surgiram as rochas metamórficas (tal qual o mármore, que está destacado em 

) e ígneas (tal como o granito, que você pode conhecer em 

). A coleção do Museu de História Natural do Sul do Estado do Espírito Santo (Muses) conta com exemplares que datam do período Cambriano e Ordoviciano (520 a 480 milhões de anos atrás), como o Granito e Norito de Santa Angélica, o Topázio de Mimoso do Sul e o Diabásio.

As rochas de Santa Angélica, como o Granito e o Norito, são rochas graníticas e máficas, ou seja, ricas em ferro e originárias de lava vulcânica solidificada. O Norito possui coloração preta, que se dá pelos constituintes minerais, como piroxênio, olivina e labradorita. Já a coloração do Granito varia de branco a cinza, pela constituição majoritária de K-feldspato, plagioclásio e quartzo.

Granito e Norito de Santa Angélica exposto no Muses.   
Detalhe do Granito e Norito de Santa Angélica Exposto no Muses.    

 

Além delas, o Diabásio é uma rocha ígnea (ou magmática), com textura e composta por plagioclásios básicos, piroxênio, magnetita e ilmenita.

Diabásio de Mimoso do Sul exposto no Muses.    
Detalhe do Diabásio de Mimoso do Sul exposto no Muses.    

O quarto exemplar da coleção de rochas e minerais do Muses é considerado o mais precioso da instituição: o Topázio de Mimoso do Sul. No geral, os topázios são minerais que contêm flúor e alumínio em sua composição. Ocorrem próximo a rochas com alto valor de sílica, como granito e pegmatito, e podem ser encontrados em montanhas da Rússia, em Urais e Ilmen, na República Checa, Saxônia, Noruega, Suécia, Japão, México, Estados Unidos e Brasil. A peça exposta no Muses apresenta uma coloração amarelada e foi coletada em Mimoso do Sul, município capixaba que faz divisa com o Rio de Janeiro.

Topázio de Mimoso do Sul exposto no Muses.   

A DIVERSIFICAÇÃO DA VIDA MARINHA E O OURIÇO-DO-MAR 

Não apenas as rochas se diversificam nesse período. No fundo do mar, a vida prolifera e encontra espaço para se desenvolver! É no período que sucede o Cambriano, conhecido como Ordoviciano, que vemos o surgimento de seres invertebrados, ou seja, que não possuem coluna vertebral. Um desses seres vivos é o ouriço-do-mar, também presente na coleção do Muses.

O período Ordoviciano é marcado pelo surgimento de seres invertebrados. Imagem: © Karen Carr / Indiana State Museum Foundation   

Pertencentes ao filo dos Echinodermata (o mesmo de estrelas-do-mar e pepinos-do-mar), os ouriços-do-mar são equinóides que surgiram no Cambriano. Mas os invertebrados mais semelhantes aos que conhecemos hoje se desenvolveram no Ordoviciano. 

O ouriço-do-mar conta com uma estrutura esférica, com a parte externa espinhosa e pode conter toxinas. Seu sistema aquático vascular bombeia água pelo corpo, ajudando a transportar nutrientes e oxigênio pelos tecidos e a eliminar toxinas de seu corpo. Muitas espécies podem ser encontradas em águas tropicais e temperadas, onde encontram alimentos ricos em proteínas que favorecem seu crescimento. 

Ouriço-do-mar preto exposto no Muses.    

Olhando para trás, observamos que o mar desempenhou papel crucial no desenvolvimento de seres invertebrados, representando um avanço para a evolução da vida na Terra. Mas o fim da Terra Bola de Neve e a estabilização do clima no planeta no Cambriano constituíram fatores decisivos para que os seres marinhos encontrassem outros espaços para sobreviverem. Será em ambientes terrestres que o nosso planeta testará adaptações que culminarão na grande diversidade de artrópodes e de esqueletos internos e externos. Tais adaptações aumentarão as chances de fossilização (e preservação) dos primeiros animais, como as trilobitas que podem ser vistas em 

0 comments

Comment
No comments avaliable.

Author

Info

Published in 16/06/2021

Updated in 7/10/2021

All events in the topic Geologia:


4600000001 BCE (Circa)A FORMAÇÃO DOS PLANETAS E DO SISTEMA SOLARA FORMAÇÃO DOS PLANETAS E DO SISTEMA SOLAR
477700001 BCE (Circa)EXPLOSÃO DA VIDAEXPLOSÃO DA VIDA