PROTEROZOICO E AS ROCHAS MAIS ANTIGAS DA TERRA

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AS ROCHAS MAIS ANTIGAS DA TERRA NO ACERVO DO MUSES

Como pode se observar em 

as rochas mais antigas tiveram origem no éon Arqueano, há 3,85 milhões de anos. A coleção do Museu de História Natural do Sul do Estado do Espírito Santo (MUSES) conta hoje com duas peças que datam de épocas próximas às das primeiras rochas: o Granulito de Bom Jesus, da era Paleoproterozoico (± 2,1 bilhões de anos), e os Milonitos de Cachoeiro e de Castelo, do Neoproterozoico (final do Proterozoico). 

Granulito de Bom Jesus do Norte exposto no Muses. Era Paleoproterozoica.  
Milonitos de Cachoeiro e de Castelo exposto no Muses. Era Neoproterozoico. 

Visando o enriquecimento da pesquisa científica, essas peças foram coletadas e, posteriormente, doadas ao Muses pelo pesquisador e curador de geologia da instituição Rodson Abreu. Ambas se relacionam com o Ciclo Brasiliano, ocorrido na Placa Tectônica Sul-Americana em plena era Neoproterozoica. Segundo o Serviço Geológico do Brasil (CPRM), esse ciclo influenciou na formação de extensas dobras geológicas no Nordeste, Centro-Oeste, Sudeste e Sul do país, provocado por sua vez pela fragmentação e fusão dos supercontinentes Rodínia e Gondwana, respectivamente. 

Mas você deve estar se perguntando: como assim, supercontinentes? Rodínia e Gondwana? Mas a Terra não tinha só os seis continentes: África, Américas, Antártida, Ásia, Europa e Oceania? Como observaremos, no éon Proterozoico as colisões das placas tectônicas foram determinantes para a litosfera terrestre e para a formação dos continentes como conhecemos hoje. Mas para entendermos melhor quais mudanças foram essas, voltemos ao nosso planeta, 2,5 bilhões de anos atrás. 

DA TERRA BOLA DE FOGO A TERRA BOLA DE NEVE

Na história geológica da Terra, o Proterozoico ocupou o período entre 2,5 bilhões a 542 milhões de anos atrás, correspondendo a quase metade do tempo de existência do planeta. Por ser bem extensa, essa era foi dividida em três partes: Paleoproterozoico (de 2,5 a 1,6 bilhão de anos atrás), a Mesoproterozoico (de 1,6 bilhão de anos a 1 bilhão de anos) e a Neoproterozoico (de 1 bilhão de anos a 542 milhões de anos atrás). Nesse período, eventos cruciais favoreceram o surgimento dos primeiros seres pluricelulares.

O Proterozoico é marcado pelo surgimento dos primeiros organismos pluricelulares.
Fonte da imagem: conhecimentocientifico.r7.com 

No final do éon Arqueano, houve o aparecimento de micro-organismos que realizavam uma fotossíntese, provocando o aumento de oxigênio na atmosfera terrestre. Este, junto ao enxofre, começou a se depositar no fundo do mar, oxidando completamente o ferro presente nos oceanos. Retornando à superfície, o oxigênio excedente acumulou-se na atmosfera, exterminando inúmeros organismos anaeróbios que viviam da ausência de oxigênio. Esse acontecimento ficou conhecido como Grande Evento da Oxigenação (GEO).

Geologicamente, o planeta também passa por intensas modificações. A maior incidência de atividade vulcânica nesta época lançou no ar quantidades absurdas de dióxido de carbono que, misturadas à água, formaram as chuvas ácidas. Ao invés de estar presente na atmosfera, este dióxido de carbono se depositou em rochas. Com o acúmulo de oxigênio na atmosfera terrestre e o baixo impacto dos raios solares nesse período, ficou inviável a retenção de calor para aquecimento do planeta, culminando na primeira glaciação da Terra. Essa primeira era glacial chamada de Huroniana ocorreu durante o Proterozoico e foi descrita pela primeira vez pelo geólogo canadense Arthur Philemon Coleman (1852-1939).

Terra bola de neve.
Fonte da imagem: conhecimentocientifico.r7.com 

Contudo, pesquisas mais recentes, baseadas em substratos de ferro e sedimentos de rochas encontrados em ambientes glaciais ao redor do globo, também indicaram que o planeta passou por uma segunda glaciação no período Neoproterozoico, entre 790 e 635 milhões de anos atrás, no que ficou conhecido como Terra Bola de Neve.

RODÍNIA, O PRIMEIRO SUPERCONTINENTE?

Em 1936, a geofísica e sismóloga dinamarquesa Inge Lehmann (1888-1993) fez uma descoberta que mudou a forma como nós entendíamos a composição da Terra. Lehmann chegou à conclusão de que nosso planeta possui dois núcleos distintos (um interno e outro externo) a partir das ondas sísmicas que provocam os movimentos das placas tectônicas, que geram atividades vulcânicas, terremotos e maremotos. Mas vamos aqui relembrar o que são essas tais placas! 

Assim como se pode ver em 

, a crosta terrestre é dividida em placas tectônicas que, com o alto calor vindo do núcleo da Terra, se convergem, afastam, colidem e deslizam umas em relação às outras. No decorrer de bilhões de anos, tais movimentos levaram ao surgimento das rochas e de porções de terra que eventualmente se juntaram e se afastaram, formando os primeiros continentes e supercontinentes, como o Vaalbara, o Ur e o Kenorland. Mas só no período Proterozoico o nosso planeta testemunhou o aparecimento de outros como a Ártica, a Atlântica, o Columbia e a Rodínia.

Rodínia, o primeiro supercontinente.
Fonte da imagem: fatosdeconhecidos.com.br 

Eventualmente, essas junções e separações impactaram diretamente na vida e no clima, provocando extinções em massa ou longos períodos de glaciação. Exemplo disso foi a fragmentação do supercontinente Rodínia, que ocupa um lugar interessante na história da Terra. Algumas teorias apontam que a sua fragmentação no Neoproterozoico pode ter contribuído para uma mudança drástica no planeta, levando ao fenômeno Terra Bola de Neve, termo cunhado em 1992 pelo geobiólogo estadunidense Joseph Kirschvink (1953-).

O FUTURO DA VIDA NA TERRA

O reaquecimento do planeta com as atividades vulcânicas provocou novas mudanças, como o fim da Terra Bola de Neve, mas não apenas essa. Como pode ser visto em 

, os primeiros sinais de vida indicam o surgimento de seres microscópicos unicelulares, capazes de realizar uma fotossíntese. No Proterozoico, o acúmulo de oxigênio na atmosfera fez com que aparecesse organismos mais sofisticados, pluricelulares e eucariontes, com a capacidade de se reproduzir.

No final deste éon, oito novos continentes são formados com a separação do Rodínia. A junção dessas porções de terra implica na formação do supercontinente Panótia, há 600 milhões de anos, se desfazendo em torno dos 540 milhões de anos. O supercontinente Pangeia só se formaria por volta de 200 milhões de anos, dando origem aos continentes como conhecemos hoje. É nesse cenário mais quente que células eucariontes darão origem a organismos mais complexos, como os fungos, animais e plantas. Essa maior abundância da vida na Terra ficou conhecida como Explosão Cambriana.

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Published in 16/06/2021

Updated in 21/09/2021

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