Inventário de Percepções a partir da ação ENTRE ESPAÇOS
A exposição REVIRAVOLTA apresentada em dois diferentes espaços de relevância cultural e artística na cidade de Vitória, a Galeria Homero Massena e o MAES - Museu de Arte do Espírito Santo se desenvolve em eixos temáticos: corpo e performance, e arte e geopolítica.
Com a experiência das Formações de Educadores, realizadas entre os dias 02, 03 e 04 de agosto de 2022, a partir das práticas de mediação, a equipe de arte educação da exposição, mapeou uma série de percepções individuais a partir da experiência do atendimento dos grupos em confluência e conexão com os trabalhos em exposição.
Pontuamos aqui os principais eixos perceptivos.
Ação “Entre Espaços”
“A proposta da exposição é dar uma REVIRAVOLTA nos conceitos impregnados e estáticos que vivemos na sociedade atual. Rever, analisar padrões, estilos que vivemos, buscando valorizar e reconhecer a importância dos povos tradicionais. Percebo um paralelo com relação ao Centro de Vitória com região norte de Vitória, onde não há uma valorização efetiva das áreas antigas, com acervo cultural e arquitetônico dessas regiões, passando despercebido pela maioria da população local.”
“ Ao caminhar da galeria até o Maes, se percebe várias pessoas caminhando, andando e indo e vindo dos lugares, de forma aleatória, sem que se observe o outro, o redor ou a paisagem. As pessoas desatentas , seguem focadas no seu eu e em si próprias.”
“Movimentar. Fazer parte de uma sociedade em que todos têm pressa: carros acelerados, motoristas procurando uma vaga para seu carro, pessoas tentando chegar em seus destinos e outros detalhes que não captamos, me faz refletir sobre o que não percebermos por também termos pressa… O caminhar com outra ótica, observando com calma, me permitiu, em meio a tudo supracitado ver a beleza e a simplicidade do sorriso no olhar das pessoas, em especial de uma jovem senhora que ao cumprimentar dizendo “boa tarde” teve, de outra pessoa , sua resposta - boa tarde e ambas sorriram.”
“Onde o antigo revira-se ao novo. Onde passa a cultura e o povo. Já foi centro, hoje é mais uma parte. A cidade que rende-se à capital. Já passei por aqui muitas vezes. Pelo Porto, Fafi, Catedral. O Mosteiro das sete às treze. É uma frase sem ponto final. Vim ao Centro. Viver a História. Ouvir as notas da vida que ficou na memória. É uma reviravolta.”
Perspectivas políticas e sociais.
“Ao se deslocar pelo Centro Histórico de Vitória, para realizar a itinerância entre a Galeria e o Museu, o que me chamou a atenção foi a Praça Costa Pereira, um local de performances, de diversas manifestações culturais e políticas.”
“Percebo a arquitetura, patrimónios, histórias e a desvalorização das áreas do Centro de Vitória, a confluência de camadas sociais, o entra e sai do Fórum, por juízes, advogados, a presença de moradores de rua e trabalhadores ambulantes.”
“Me conectei com a crise vivida neste momento no Brasil, o crescimento desenfreado das zonas urbanas, da população e da necessidade do acúmulo da riqueza. No meio do processo fui percebendo o comércio, a violência política e social somados aos fatores sócio econômicos, o crescimento da população que mora na rua, o racismo e preconceito. E quando vi o trabalho Pacífico no Maes, me conectou com a percepção de um oceano de memórias que assombra pelo seu silêncio.”
“Sempre gostei de frequentar o Centro Histórico, mesmo com amigos dizendo que era perigoso. Nem trouxe bolsa por causa do medo, mas no caminho não senti medo. Achei bem calmo e bonito. A beleza e grandiosidade da Catedral chama muito atenção. Me forço lembrar, ao ver uma construção imponente, das pessoas que trabalharam para erguer o prédio.”
As Referências Culturais do Território
“Este passeio pela cidade alta nos revela uma das partes mais interessantes e bonitas da nossa capital. Vimos prédios e casarios antigos, a nossa Bela Catedral com sua arquitetura e na praça Costa Pereira o verde e suas diversas saídas a presença do Teatro Carlos Gomes e Mais construções e recursos do Centro.”
“O percurso entre a Galeria Homero Massena e o Museu MAES revelou a importância do Centro Histórico da Cidade de Vitória no cenário artístico-cultural capixaba. É no Centro que se tem o coração das manifestações artísticas - culturais da nossa cidade.”
“No caminho percebo o teatro, a dinâmica das pessoas passando com pressa e lugares históricos.”
“O percurso da Galeria Homero Massena até o MAES me trouxe reflexões sobre o processo histórico de Vitória a partir do Centro da Cidade, e como esse processo pode ser construído nas linguagens artísticas e dentro das galerias, museus, escolas e cidades e etc.”
“A arte oferece vários caminhos para percorrer a cultura.”
“Um percurso cultural magnífico, uma imersão na história, que às vezes não é tão divulgado e prestigiado e valorizado como merece.”
O pertencimento e a cartografia de afetos.
“No percurso entre as exposições, pode criar um roteiro de coisas que me chamaram atenção, iniciando pela Escadaria Maria Ortiz, Catedral Metropolitana, a feirinha de produtos orgânicos em frente a Catedral, o Museu do Telefone e Praça Costa Pereira, Escadaria São Diogo, Teatro Carlos Gomes e MAES. Após a visitação a exposição das exposições, percebi que todos os vídeos abordam de alguma maneira o conceito de Território. E umas das falas que mais me chamou a atenção foi “Eles acham que nos trouxeram a civilização - sobre a construção da ponte de Markala.”
“Penso e sinto o percurso como se fizesse parte deste lugar, como um elemento pertencente a ele. Um lugar que sempre me soou democrático tanto com o contato com as produções artísticas, quanto com a história cultural. Um lugar onde todos cabem.”
“Cartografia recheada de afetos. Neste lugar vivi parte da adolescência e também a vida adulta. Moradia em frente à ITM e minha mãe continua lá. Sendo assim, todas essas ruas, curvas e não, praças, ladeiras e escadarias fazem parte da minha essência. Trânsito nesse espaço cotidianamente que me convida a participar das mais ricas histórias do mesmo lugar.”
“No caminho é possível perceber uma linha do tempo através das construções (arquitetura). O caminho percorrido pelas pessoas e o sentimento de pertencimento das pessoas em relação à cidade no uso das praças e bares.
Reverberações a partir das obras
“Os vídeos no MAES são interessantes e fazem o expectador ter curiosidade sobre a proposta. O 1º vídeo do menino com o chicote traz a reflexão sobre o corpo (representado pelas pedras) que se movem e transformam a paisagem. O vídeo dos indígenas mostra uma festa, ao lado do contraste. A tradição lutando com os desafios de reivindicação de direitos como a saúde.”
“Me chama atenção a obra da região do Alto Amazonas, me faz refletir sobre o território indígena e como ainda sobrevivem séculos de sequestros e suas vidas, de sua cultura e do seu território.”
“O percurso entre a Galeria e o Museu foi leve e bucólico, o centro continua sendo um local de encontros heterogêneos. Visitando a exposição, no trabalho Danse des Masques em Pays Dogon, do Mali, me conecta com o nordeste brasileiro, vejo um mesmo caminho cultural, ancestral e raízes. A dança, cenário e fenótipos são muito semelhantes entre esses locais. Na verdade, vejo muito diálogo entre todos no Salão. Algo muito histórico, originário e atual.”
“Nesta exposição minha experiência foi de reconhecimento territorial e histórico. No trabalho Transamazônica, me remeteu a caminhada, apesar de uma obra mais estática, há o movimento da areia e a ideia de caminhada interior, autoconhecimento. Olhar para dentro para encerrar o ciclo, enterrar. Relacionei a aspectos de abandono vivido pelos nossos ancestrais invisíveis na história.”
“Após um diálogo e apresentações, rumamos para o MAES passando pelas históricas ruas do Centro. Destaco a beleza da Catedral e do Museu do Telefone. Ao chegar ao MAES pude vislumbrar um acervo onde destaco um vídeo em que havia a exibição de uma performance de ritmo, dança, cores e elementos tribais em tons de azul e rosa. “Danse Des Masques” em honra a ancestralidade.”
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