Bairros Operários

01/01/1850

Por volta de 1850 tiveram início no Barreiro os trabalhos para construção do troço ferroviário ao Sul do Tejo e respetiva estação fluvial.

O caminho-de-ferro torna-se então um forte atrativo laboral, gerando fluxos migratórios provenientes quer do Sul (Alentejo e Algarve), quer do Centro do País (Beiras), que se mistura com a população residente, maioritariamente constituída por pescadores, moleiros e outras profissões ligadas ao rio.

As primeiras construções destinadas a albergar trabalhadores não naturais do Barreiro, nomeadamente ferroviários, começam por surgir junto ao Alto do José Ferreira.

Nos finais do século XIX e início do século XX, com a chegada dos corticeiros e pessoal para a CUF são construídas as primeiras “Correntezas Operárias” na Rua Marquês de Pombal e Largo Alexandre Herculano.

O desenvolvimento da experiência industrial da CUF gera, poderosas dinâmicas de atração populacional. Milhares de pessoas afluem ao Barreiro, que oferece perspetivas de trabalho e vida melhor.

Em 1908 Alfredo da Silva dá início à construção do Bairro Operário da CUF, junto à antiga estrada do Lavradio.

Na década de 30 o Bairro cresce e amplia-se, abarcando quase todo o Alto de Santa Bárbara, com mais de 300 moradias, organizadas em bandas formando quarteirões de ruas cuja toponímia é bastante característica.

A atribuição de casas era um método seletivo para fixação de mão-de-obra mais qualificada e constituía um meio de marcar diferenciações no seio do pessoal. Para a maioria dos trabalhadores indiferenciados restavam, as “Vilas” e os “Pátios Particulares”, no Bairro das Palmeiras (Bairro da Folha), Alto dos Silveiros, Alto do Seixalinho, e tantos outros, onde as condições de habitabilidade eram muito precárias.

Ainda na década de 30 surge junto às Oficinas da CP, no Largo do Palácio do Coimbra, o Bairro Ferroviário. É composto por 23 moradias para o «Pessoal Graduado» e «Pessoal Braçal» e foi inaugurado em 1935.

As diferenciações refletiam o estatuto socioprofissional dos moradores.

Os Bairros Operários e “Correntezas Operárias” atualmente existentes no Barreiro, são imóveis que apresentam alto valor histórico-patrimonial, por se tratarem de conjuntos únicos, representativos de uma época, com uma função muito específica: o alojamento operário.

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Published in 17/02/2020

Updated in 19/02/2021

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