Nascimento de Francisco das Chagas

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Francisco das Chagas Rodrigues de Brito nasceu em Caxias, no Maranhão, em 1964, em uma família pobre. Na infância, foi levado pela avó junto com quatro irmãos para viver na cidade de Altamira, no Pará. Lá, estudou até o quarto ano do Ensino Fundamental e trabalhava desde a infância. Vendia bolos e bananas para ajudar a família.

Entre 1991 e 1994 viveu entre Altamira e a cidade de São Luís. Foi na capital maranhense que ele se casou. Teve duas filhas. Em 1998, se separou.

Chagas teve diversas profissões, viveu de bicos e, quando finalmente foi preso em dezembro de 2003, era mecânico de bicicletas. Nessa época, morava sozinho em um casebre no bairro Jardim Tropical I, em São José de Ribamar, região metropolitana de São Luís.

Era conhecido como um homem solitário e pobre. Mas tinha a fama de bom vizinho. O delegado do caso conta que os moradores do bairro se revoltaram quando Chagas foi preso. “Quando fomos lá fazer a prisão dele, o pessoal dizia: ‘Isso é um absurdo, o Chagas é gente boa, homem bom’. A população quis me linchar. Tive que pegar a arma e atirar para cima para o pessoal se afastar e fui embora”, conta Sebastião Uchoa.

Logo descobriu-se que o aparentemente pacato Chagas era um homem astuto. “Chagas é inteligentíssimo. Ele responde as coisas para você e, se você deixar, você é induzido por ele”, relembra o delegado. Márcio Thadeu Silva Marques é um dos promotores de justiça que participaram do caso. Ele diz que se surpreendeu com a frieza do assassino. “Uma premeditação, uma frieza moral enorme e uma não-empatia absoluta com a situação das vítimas. A maioria dos casos era de meninos que eram seus vizinhos de bairro, ou seja, ele conhecia as famílias, conhecia as rotinas e se aproveitava desse conhecimento para fazer com que esses crimes pudessem ficar não desvendados durante muito tempo ”, diz.

Francisco das Chagas fazia questão de parecer alguém preocupado com os sumiços de crianças no bairro onde vivia. Se prontificava, por exemplo, a participar das buscas pelos meninos desaparecidos. Antônio Batista dos Santos é pai de Hermógenes, uma das vítimas. Ele conta que o assassino foi até a casa dele. “Ninguém desconfiava daquele homem. Ninguém! Ele chegava na minha casa, tomava café na minha casa depois que matou o meu filho. Ele [me] convidava: ‘Vamos procurar o teu filho’.”

Com o crescimento da repercussão dos casos e após a denúncia na Corte Interamericana, que rendeu uma força tarefa policial, Chagas foi se tornando mais empenhado em manter seu disfarce de bom vizinho. O esforço era tanto que o mecânico tinha uma proximidade assombrosa com as investigações.

“Ele montava equipes de homens para procurar o garoto no mato – e o garoto enterrado dentro da casa dele. Ele participou da reprodução como figurante, representando o pai da vítima na cena do crime”, conta Wilton Carlos Ribeiro, que trabalhou como perito no caso.

A sorte de Chagas começa a mudar no dia 6 de dezembro de 2003, quando ele convence o garoto Jonnathan Silva Viera a ir com ele buscar juçara no meio do mato. Antes de seguir com Chagas e desaparecer, o garoto avisou a irmã com quem iria.

Seis dias depois, Chagas estava preso, suspeito pelo sumiço do garoto. Mas ainda não havia confirmação da morte. Uma ossada foi encontrada em 16 de janeiro de 2004 e um exame de DNA comprovou que os restos mortais eram de Jonnathan.

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Published in 7/05/2021

Updated in 7/05/2021

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06/06/2004CHAGAS alega que ouvia vozes