As Campanhas Militares de Nuno Álvares Pereira - 1384
A Campanha Militar de 1384:
Entre Tejo e GuadianaEm finais de Dezembro de 1383, D. João, Mestre de Avis, conquista o Castelo de São Jorge em Lisboa. Começava assim a campanha militar de 1384. Estando Nuno Álvares Pereira, como Fronteiro-Mor da comarca de Entre Tejo e Guadiana, caberia a si a defesa de uma região já amplamente fustigada por diversos ataques castelhanos, que ameaçam e pilham as povoações, cercam os partidários da causa do Mestre de Avis, partindo de castelos portugueses apoiantes de D. Juan I, ou mesmo de terras de Castela, onde grandes exércitos, já muito experimentados, aguardam pelo momento mais propício para uma invasão. Neste ano de 1384, foram várias as incursões de Castela pelo território nacional, fazendo da vila de Santarém o seu “quartel-general”.
Tomada do Castelo de São Jorge
Dezembro de 1383Estando o Castelo de São Jorge cercado, os partidários da Rainha Leonor Teles resistiam a entregar o castelo ao Mestre de Avis. Face ao impasse, reunidos em conselho, autorizam Nuno Álvares Pereira a ter conversações com os sitiados que definiram um prazo de 2 dias para responder. Após esse tempo e por indicação da Rainha, que não quis defender a cidade, o Castelo é entregue aos sitiantes.
Tentativa por Alenquer
Janeiro e fevereiro
Lisboa > Alenquer > Lisboa - (100 km)
Após a conquista do Castelo de Lisboa, havia que garantir outras praças-fortes da região para que ficassem do lado do Mestre, pelo que este se desloca com Nuno Álvares e parte do seu exército (cerca de 200 a 300 lanças), para a Vila de Alenquer. Chegados a Alenquer deparam-se com forte resistência, havendo diversos combates com as gentes da vila. Todavia nessa mesma noite chegam notícias de que o Rei de Castela já se encontrava em Santarém, pelo que decidem regressar a Lisboa no dia seguinte.
Rei D. Juan I e Castela e D. Beatriz entram em Santarém, forçando a Rainha Regente Leonor Teles a abdicar em favor do genro e da filha. Leonor Teles é enviada para o exílio no Mosteiro de Tordesilhas em Castela.
Em busca de provisões
Fevereiro
Lisboa > Sintra > Lisboa - (60km)
Estando a resistência do Mestre confinada a Lisboa, com dificuldades em ser abastecida, decide enviar Nuno Álvares Pereira numa incursão à região de Sintra para obter mantimentos. Assim, Nuno Álvares sai de Lisboa com cerca de 300 lanças. A Vila de Sintra era guarnecida pelo Conde Henrique Vilhena (partidário de Castela), que se recusa a combater os invasores dos seus domínios. Entretanto chega a notícia que homens de Castela, decidem ir ao encalço de Nuno Alvares, pelo que este decide aguardar para os combater, o que não chega a acontecer. Assim Nuno Alvares, consegue facilmente regressar a Lisboa com algumas provisões desejadas.
Diplomacia por Almada e conquista do Castelo
Março
Almada > Lisboa > CASTELHANOS ENTRAM NO ALENTEJO - (20km)
O castelo de Almada era um importante ponto de controlo do porto de Lisboa e quem o controlasse, controlaria também a entrada e saída das galés e navios que abastecia de tropas e víveres a cidade de Lisboa. Assim, o Mestre decide ir a Almada para ter conversações com o alcaide de modo a convencê-lo a juntar-se à sua causa. As conversações correm da pior maneira, chegando-se a um impasse, pelo que o Mestre decide regressar a Lisboa, deixando Nuno Álvares com 40 lanças para cercar a porta do castelo. Tal gesto muito admirou as gentes de Almada, que se convenceram a entregar a vila. Pouco tempo depois chegam notícias da entrada dos Castelhanos pelo Alentejo. Começava assim a invasão.
Combate naval no Tejo
Março
Lisboa > Almada
Após a notícia da entrada de Castelhanos pelo Alentejo, o Mestre de Avis, decide enviar Nuno Álvares Pereira para aquela comarca a fim de travar a hoste invasora. Entretanto chegam ao Tejo oito grandes navios de Castela.
O Mestre decide armar alguns navios para os combater.
Ao saber deste feito, Nuno Álvares que ainda estava em Almada, decide embarcar e juntar-se aos combatentes e toma um dos navios de Castela.
A caminho de Entre Tejo e Guadiana
Março
Almada > Reunião em Coina com Mestre de Avis e homens bons > Setúbal > Tentativa de combate a Pedro Sarmento (sem resultado) >Montemor o Novo > Évora - (140km)
Após o combate naval no Tejo, a hoste de Nuno Álvares segue em direcção a Setúbal, que por não saberem que partido tomar, decidem não abrir os portões da vila. Assim Nuno Álvares decide acampar nos arredores da cidade com os seus homens. Entretanto chegam mais notícias do envio de fidalgos de Castela para a região com 300 lanças. Nessa noite Nuno Álvares decide esperar para os combater, mandando tocar as trombetas, mas não encontrando a hoste castelhana decidem seguir viagem a caminho de Montemor-o-Novo, e daí para Évora.
Évora
Abril
Tentativa de arregimentar novos soldados na comarca de Évora.
> Estremoz - (45km)
Em Évora, Nuno Álvares Pereira tenta arregimentar mais homens para o seu exército, sem grande sucesso, pois há notícias de que a hoste castelhana é muito bem armada e suscita alguns receios por parte das populações das vilas e cidades da região, que se recusam a ajudar. São os casos de Elvas e Beja, praças-fortes com alguma importância na região. Com cerca de 1000 homens a pé, cerca de 40 besteiros e 250 cavaleiros, desloca-se então para Estremoz, onde espera vir encontrar o exército inimigo estacionado no Crato.
D. João, Mestre de Avis outorga privilégios a Lisboa, de modo a obter apoio no esforço de guerra por parte desta cidade.
Batalha dos Atoleiros
Abril
Estremoz > Fronteira > Atoleiros - (30km)
Chegado a Estremoz, Nuno Álvares tenta novamente arregimentar homens para o seu exército sem grande sucesso. Sabendo que no Crato estão muitos homens de Castela, começa os preparativos para a batalha.
Entretanto os castelhanos enviam um emissário, que tenta convencer Nuno Álvares a mudar de partido. Ao recusar dá-se a Batalha dos Atoleiros no dia 6 de abril, junto a Fronteira, com a vitória dos portugueses e a fuga dos castelhanos.
O cerco de Monforte e Tomada do Castelo de Arronches
Abril
Fronteira > Assumar > Alegrete > Arronches > Évora - (162km)
Após a vitória de Nuno Álvares Pereira, os castelhanos fogem em direcção a Castela, procurando refugiar-se nos castelos mais próximos como é o caso dos homens de Martim Eanes de Barbudo que se refugiam em Monforte. Nuno Alvares persegue-os e tenta cercar o castelo. Todavia os sitiados não se entregam recusando a abrir as portas do Castelo. Ainda decide ir em romaria a Santa Maria de Assumar, para agradecer a vitória dos portugueses e, daí, decide ir para Alegrete, seguindo para Arronches onde toma o castelo sem resistência. Regressa a Évora.
A Frota do Porto 1
Julho
Évora>Montemor o Novo > Tomar > Coimbra - (244 km)
Começa o Cerco de Lisboa em 29 de maio. Estacionado em Évora, Nuno Álvares recebe a notícia do bloqueio de Lisboa pela grande frota Castelhana que está no Tejo.
Tem notícia também que se prepara uma armada vinda do Porto para combater a frota de Castela e escreve aos capitães dizendo que pretende embarcar também.
A carta é ignorada e Nuno Álvares não sabendo de resposta resolve ir em direcção ao Porto, passando por Tomar. No dia seguinte segue para Coimbra, onde por pouco escapa à prisão após breve combate no Paço da Condessa.
A Frota do Porto 2
Junho
Coimbra > Buarcos > Coimbra > Tomar > Torres Novas > Tomar - (211 km)
Sabendo da partida da frota do Porto em direcção a Lisboa, Nuno Álvares tenta fazer com que os capitães esperem por ele, em Buarcos, com nova missiva enviada, sem sucesso. Regressa a Coimbra onde pede dinheiro para regressar à comarca de Entre Tejo e Guadiana, face aos poucos mantimentos que o seu exército tem. As ajudas são poucas e assim, desloca-se a Tomar e daí para Torres Novas onde tem conversações com o alcaide, a favor de Castela, mas que torcia pelo partido do Mestre no seu íntimo. Não conseguindo convencer o alcaide, regressa a Tomar.
Combate na Ribeira de Alperrejão
Julho
Tomar > Punhete (Constância) > Rib. Alperrejão > Évora - (157km)
A caminho da Comarca de Entre Tejo e Guadiana, resolve passar o Tejo em Punhete (actual Constância). Aí Nuno Álvares tem conhecimento que uma hoste castelhana com cerca de 100 homens se dirige do Crato para Santarém. Decide nesse caminho, onde cruzava com a pequena ribeira de Alperrejão, fazer uma emboscada aos castelhanos. A hoste castelhana era composta por almogávares da Andaluzia (milícia de mercenários) que apesar de bem armados, foram derrotados pela hoste de Nuno Álvares. Dos 100 homens castelhanos resultaram, entre mortos e feridos, cerca de 86. Depois de mais esta vitória seguiu caminho para Évora.
Tomada do Castelo de Monsaraz
Julho
Évora > Monsaraz > Évora (homens de NAP e não NAP em si mesmo!) - (120 Km)
Estando estacionado em Évora, chegam notícias que um capitão castelhano tinha tomado o Castelo de Monsaraz para o partido de Castela. Ajudado por alguns homens da vila, Nuno Álvares engendra um plano para conseguir entrar no castelo, lançando 5 ou 6 vacas para o fosso do castelo, de modo a atrair o alcaide a resgatar os animais e assim descurar a defesa das portas. Tal como previsto, os homens de Nuno Álvares conseguiram entrar no castelo e resgatá-lo para a causa do Mestre.
Combate junto ao Guadiana
Julho
Évora > Elvas > Guadiana/Badajoz >Elvas - (121 Km)
Sedento de vingança por ter sido derrotado numa das investidas em Portugal, João de Castanheda, resolve reunir em Badajoz um grande exército com 300 lanças. Tal notícia fez Nuno Álvares deslocar-se de imediato de Évora para Elvas para combater aquela hoste castelhana.
Junto ao Guadiana dá-se o combate resultando na prisão de 20 escudeiros e a fuga dos restantes (incluindo João de Castanheda) para o interior do Castelo de Badajoz, não arriscando nova investida. Regresso a Elvas.
Movimento para Ponte de Sôr
Agosto
Elvas > Cano > Avis (ponto depois de Avis em direcção a Ponte de Sôr) > Cano > direcção Évora - (171 Km)
Nuno Álvares Pereira recebe ordens do Mestre para ir a Ponte de Sôr ao encontro de uma hoste inimiga comandada pelo seu e Pêro Sarmiento.
Após levantar o acampamento no Cano, passa por Avis em direcção a Ponte de Sôr, onde recebe indicação de que a hoste castelhana já ali não se encontrava, fazendo com que regressassem ao Cano e daí novamente para Évora.
O Cerco ao Fronteiro-Mor
Agosto
Évora > Divor (herdade da Oliveira próximo de Valeira) > Évora - (38 Km)
Estando em Évora, recebe diversas mensagens do Mestre, alertando para o facto de cerca de 600 lanças terem saído do acampamento do Rei de Castela, para engrossarem o exército castelhano estacionado no Crato, sendo estes chefiados por “antigos inimigos” do Fronteiro-Mor, num total de 2500 lanças (cerca de 10000 homens!).
Nuno Álvares sai de Évora com o seu exército e acampa junto á ribeira do Divor, querendo muito combater o inimigo, mas evitam o confronto aberto. Restavam poucos homens ao lado de Nuno Álvares começando a regressar em direcção a Santarém e Almada. De regresso a Évora, fica a saber que os castelhanos ocupam o Castelo de Arraiolos.
Novas Ordens
Agosto
Évora > Palmela (cerco e conquistado Castelo) > Aldeia Galega (montijo) > Palmela - (130 Km)
Estando em Évora recebe ordens do Mestre para ir ter com ele a Aldeia Galega (actual Montijo). Nuno Álvares parte em direcção a Palmela para ir ao encontro do Mestre. Cerca o castelo de Palmela e toma-o. Por diversas vezes segue até à Aldeia Galega para ir ter com o Mestre, mas sem sucesso. Impossibilitado de chegar a Lisboa começa a comunicar a partir da zona do Castelo de Palmela com o Castelo de São Jorge onde permanece o Mestre de Avis através de fogueiras fazendo sinais de luzes.
Combate e Reconquista de Almada
Agosto
Palmela > Sobreda > Almada > Palmela - (65 Km)
Sabendo a tomada do Castelo de Almada pelos castelhanos, Nuno Álvares decide encaminhar-se para a região. Chegando próximo do lugar da Sobreda, combate com uma pequena força inimiga que sabe da sua vinda. A progressão no terreno foi feita passo a passo, obrigando a guarnição do castelo a recolher-se no seu interior. Consegue então colocar em fuga muitos castelhanos pilhando de seguida a vila e hasteando a sua bandeira junto ao castelo de Almada, levando o Rei de Castela a questionar se Almada estaria a seu favor.
O fim do Cerco de Lisboa
Outubro
Palmela > Lisboa > Palmela > Setúbal > Évora - (156 Km)
A peste põe fim ao cerco de Lisboa, fazendo com que o Rei de Castela incendiasse o seu arraial. Estando Nuno Álvares de regresso a Palmela, recebe novas ordens para se encontrar com o Mestre em Aldeia Galega. Não comparecendo o Mestre, Nuno Álvares resolve embarcar em batéis, atravessando a frota Castelhana ainda fundeada no Tejo, diante de Lisboa, e estando no meio dos navios mandou soar a trombeta para combate, o que pôs em alvoroço os castelhanos, conseguindo assim chegar a Lisboa são e salvo. Após encontro com o Metre de Avis, regressa a Évora. Fidalgos e cidadãos renovam menagem ao Mestre de Avis. Mais privilégios outorgados a Lisboa. A frota castelhana parte para Castela. O mestre de Avis decide cercar o Castelo de Torres Novas. Almada entrega-se ao Mestre de Avis.
Tomada do Castelo de Portel
Novembro
Évora > Portel > Évora - (92 Km)Convencido por alguns homens de Portel, Nuno Álvares desloca-se aquela praça e toma o castelo depois de prometer passagem livre dos sitiados para Castela. A tomada deste castelo é de importância estratégica para a defesa do Alentejo e faz-se com o apoio alargado da população.
A conspiração contra o Mestre
Dezembro
Évora > Elvas > Vila Viçosa > Borba > Estremoz - (164 Km)
Em Évora, Nuno Álvares sabe que conspiram contra o Mestre em Elvas. Uma vez chegado a Elvas é convencido a planear a tomada de Vila Viçosa.
Assim tenta tomar o castelo de Vila Viçosa sem sucesso, num combate onde morre o seu irmão Fernão Pereira. Vendo-se impossibilitado de conquistar a praça, segue para Borba e daí para Estremoz.
Alenquer rende-se ao Mestre de Avis.
Insistência por Vila Viçosa
Dezembro
Estremoz > Vila Viçosa > Estremoz > Évora - (98 Km)
Em Estremoz, a hoste de Nuno Álvares parte para Vila Viçosa para nova tentativa de conquistar o castelo. Decorre o cerco e combates entre a vila e o arraial, novamente sem sucesso, regressando a Estremoz mais uma vez. Estando ali estacionado consegue ainda resgatar Álvaro Coitado, que seguia aprisionado para Olivença e que tinha sido aprisionado aquando da morte de seu irmão na tentativa de tomada da vila. Depois destes combates regressa a Évora.
O fim da Campanha Militar de 1384
O ano de 1384 foi para Nuno Álvares Pereira, como um tirocínio para o que virá no ano seguinte. Percorreu grande parte do Alentejo, seguindo mesmo até à Beira Litoral, conquistou castelos e praças-fortes, também perdeu outros, mas acima de tudo obteve grande apoio popular na região onde era Fronteiro-Mor, principalmente da arraia-miúda e dos mesteres e artesãos da região. Com o seu ímpeto guerreiro, também criou inimizades quer entre os homens de Castela, mas também entre alguns partidários da causa do Mestre de Avis, como se viu no episódio da Frota do Porto. A sua áurea de invencibilidade estava a ser construída, passo a passo. O ano de 1385 adivinha-se difícil, pois D. Juan de Castela e o seu exército, bem como os seus aliados, não deixariam de continuar com o seu objectivo de conquistar o Reino de Portugal.

Summary
Author: ciba0
Published at: 3/25/2021
- As Campanhas Militares de Nuno Álvares Pereira - 1384
- Tomada do Castelo de São Jorge01
- Tentativa por Alenquer02
- Em busca de provisões03
- Diplomacia por Almada e conquista do Castelo04
- Combate naval no Tejo05
- A caminho de Entre Tejo e Guadiana06
- Évora07
- Batalha dos Atoleiros08
- O cerco de Monforte e Tomada do Castelo de Arronches09
- A Frota do Porto 110
- A Frota do Porto 211
- Combate na Ribeira de Alperrejão12
- Tomada do Castelo de Monsaraz13
- Combate junto ao Guadiana14
- Movimento para Ponte de Sôr15
- O Cerco ao Fronteiro-Mor16
- Novas Ordens17
- Combate e Reconquista de Almada18
- O fim do Cerco de Lisboa19
- Tomada do Castelo de Portel20
- A conspiração contra o Mestre21
- Insistência por Vila Viçosa22
- O fim da Campanha Militar de 138423
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