Abertura do Inquérito Policial
Dois dias depois do desaparecimento de JAENES DA SILVA PESSOA, o mutirão organizado por sua mãe, DONA ROSA (ROSA MARIA PESSOA), encontrou o corpo do menino, já que a polícia se recusava a procurar em menos de 48h. Havia apenas uma delegacia em Altamira. JAENES estava com as vestes limpas, sem os globos oculares, o pulso cortado e a genitália extirpada. O velório da vítima, ocorrido em um dia de eleições, teve bastante repercussão. Como o pai da vítima (JUAREZ GOMES PESSOA) deixaria registrado em seu depoimento à polícia, a certa altura do velório, o cadáver de seu filho começou a sangrar, o que teria sido visto e comentado por todos os presentes. Acreditava-se que um cadáver sangrava quando o assassino estava por perto. Entre os presentes, parentes e amigos da família, colegas e professores da vítima, curiosos, o prefeito então em exercício e vários candidatos locais. Até mesmo o vice-governador do Pará estava presente e teria afirmado ao pai da vítima que falaria pessoalmente com o governador para que uma “comissão” fosse formada e enviada a Altamira para investigar “aqueles crimes”. De fato, em duas semanas uma equipe da Polícia Civil chegou à cidade com a missão exclusiva de “desvendar os crimes de emasculação”. A presença desse tipo de lesão no corpo (vivo ou morto) das vítimas era o que distinguia a violência excepcional – que justificava a presença de uma comissão da Polícia Civil de Belém naquela cidade interiorana – da violência cotidiana, como desaparecimentos, sequestros, violência sexual, trabalho infantil.
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