Pedro III - O Edificador
Pedro III (Lisboa, 5 de julho de 1717 – Queluz, 25 de maio de 1786), apelidado de "o Capacidónio", "o Sacristão" e "o Edificador", foi o Rei Consorte de Portugal e dos Algarves de 1777 até à sua morte por direito da sua esposa a rainha Maria I. Era filho do rei João V e da sua mulher a arquiduquesa Maria Ana da Áustria, sendo assim irmão mais novo do rei José I e tio de Maria. Pedro nunca participou em política e deixou sempre os assuntos do governo para a sua esposa.
Biografia
Filho favorito de D. João V rei de Portugal, que o investiu na dignidade de Grão-Prior do Crato, Senhor da Casa do Infantado (pertença dos segundos filhos dos reis de Portugal) e ainda Cavaleiro da Ordem do Tosão de Ouro de Espanha, o infante D. Pedro terá por uma vez ou outra hostilizado o seu irmão, o príncipe D. José, herdeiro do trono. No reinado deste chegou a receber ordem para se manter em Queluz (então Quinta do Infantado), retirando-se da corte. Deve-se a D. Pedro III a iniciativa da transformação, iniciada em 1747, da "Casa de Campo da Quinta do Infantado", em que trabalharam o arquiteto português Mateus Vicente de Oliveira e o arquiteto escultor francês Jean-Baptiste Robillon.
Não está provado que D. Pedro III, enquanto Príncipe do Brasil, se tenha oposto abertamente àquilo a que se convencionou chamar terror pombalino. Mas quando da sua ascensão ao trono juntamente com a sua esposa e sobrinha D. Maria I, após a morte do monarca D. José I, o seu irmão, D. Pedro mostrou-se recetivo aos queixumes dos inimigos do Marquês de Pombal e foi conhecido o seu desejo de que a repressão contra o marquês e os seus apoiantes fosse ainda mais longe. Charles Gravier, conde de Vergennes, diplomata e posteriormente ministro francês dos Negócios Estrangeiros, escreve sobre as suas «ideias de perseguição»: "O ódio e a vingança parecem caracterizar os sentimentos do rei D. Pedro em relação ao Sr. Marquês de Pombal. Estamos longe de fazer apologia deste antigo ministro, mas julgo que ele não devia ser atacado por factos que se prendem diretamente com a reputação do falecido Rei (D. José I). Se se decidir perseguir e atacar o Sr. Marquês de Pombal, há matéria de sobra no que respeita simplesmente a diversos aspectos da sua administração." pois, atacar o Marquês de Pombal, poderia implicar atingir a memória do falecido rei, o seu irmão.
Era muito religioso, tal como D. Maria, cognominada "a piedosa", e chegou a ser apelidado de "sacristão" pelo historiador liberal do século XIX Oliveira Martins, que assim o classifica: "... O rei (...) não se concebe homem mais feio, com cara de idiota, expressão feroz, cabeleira desalinhada, ar de bêbado, um sacristão." O último biógrafo da rainha, Caetano Beirão, ergue-se contra tal caricatura, afirmando que os reis eram decerto muito devotos mas a sua fé "era viva, servida por uma inteligência esclarecida sem qualquer superstição".
Defendeu os Jesuítas que haviam sido expulsos pelo Marquês de Pombal em 1759, declarando: "Não esquecerei nunca os bons ensinamentos e instruções que eles me deram." o que contribuiu para a restauração da Companhia de Jesus, conseguida prudentemente pela rainha junto da Santa Sé, e com cuidado para não se indispor com a Corte dos Borbóns de Espanha.
Vergennes escreveu ao embaixador de França em Lisboa sobre a "beatice" e a atitude política do rei que o inquietava: " Em nossa opinião, este príncipe comporta-se de forma muito pouco política em relação aos ex-jesuítas portugueses que acabam de ser postos em liberdade. Isso marca uma predilecção por essa ordem que só pode desagradar ao Rei Católico, nas boas graças do qual nos parece essencial que Portugal se mantenha. Mas (...) parece não ser fácil insinuar essa verdade ao rei D. Pedro."
Embora seja considerado pelos contemporâneos como uma figura politicamente neutra, possuía uma grande influência sobre a sua sobrinha e esposa, que adorava e pela qual era adorado e que acabava sempre por atender as suas petições, que alguns classificavam como sendo "na maioria das vezes deslocadas". Quando inquirido sobre esta ou aquela individualidade, emitia sempre a sua inalterável opinião: "É capazeidóneo!" a verbalização, involuntariamente aglutinada, das qualidades "capaz" e "idóneo", o que valeu-lhe o impiedoso cognome de o Capacidónio.
Lançou em 24 de outubro de 1779, a primeira pedra da Basílica da Estrela, mandada construir pela rainha D. Maria I em cumprimento de uma promessa feita, caso lhe fosse concedida descendência varonil.
D. Pedro III foi protetor da alta fidalguia. Patrocinou, por isso, as petições dos herdeiros dos justiçados pelo célebre Processo dos Távoras, cuja reabilitação foi objeto de novos processos judiciais, em que os herdeiros também perderam a restituição dos bens.
Era membro da Maçonaria.
Faleceu no Paço de Nossa Senhora da Ajuda, em Lisboa, a 25 de maio de 1786, com 69 anos de idade, nove de reinado conjunto com D. Maria I. A sua morte, juntamente com outros factos, terá contribuído para a loucura da rainha. Jaz no Panteão dos Braganças em São Vicente de Fora.
Títulos, estilos, e honrarias
Títulos e estilos
5 de julho de 1717 – 6 de junho de 1760: Sua Alteza, O Sereníssimo Infante Pedro de Portugal
6 de junho de 1760 – 24 de fevereiro de 1777: Sua Alteza Real, O Príncipe do Brasil
24 de fevereiro de 1777 – 25 de maio de 1786: Sua Majestade Fidelíssima, o Rei de Portugal e dos Algarves
O estilo oficial de Pedro como rei era: "Pedro III, pela Graça de Deus, Rei de Portugal e dos Algarves, d'Aquém e d'Além-Mar em África, Senhor da Guiné e da Conquista, Navegação e Comércio da Etiópia, Arábia, Pérsia e Índia, etc."
Descendência
Com Maria I de Portugal:
José, Duque de Bragança e príncipe do Brasil (1761-1788), casou com a tia, a infanta Maria Francisca Benedita de Bragança.
João de Bragança, nado-morto no Paço de Nossa Senhora d'Ajuda, Lisboa, 20 de outubro de 1762.
João Francisco de Paula Domingos António Carlos Cipriano de Bragança nascido em Lisboa a 16 de setembro e morto em Lisboa a 10 de outubro de 1763.
João Maria José Francisco Xavier de Paula Luis António Domingos Rafael de Bragança (futuro João VI)
Mariana Vitória Josefa Francisca Xavier de Paula Antonieta Joana Domingas Gabriela de Bragança nascida no Palácio de Queluz a 15 de dezembro de 1768, morta no Escorial em 2 de Novembro de 1788, tendo tido dois filhos e uma filha. Casou-se com Gabriel António Francisco Xavier João Nepomuceno José Serafim Pascoal Salvador de Bourbon e Saxe, Infante de Espanha, nascido em Portici a 12 de maio de 1752 e morto no Escorial a 23 de Novembro de 1788, quarto filho de Carlos III, rei da Espanha e de sua esposa Maria Amália de Saxe.
Maria Clementina Francisca Xavier de Paula Ana Josefa Antónia Domingas Feliciana Joana Micaela Julia de Bragança, nascida em Queluz em 9 de junho de 1774 e morta em Lisboa em 27 de junho de 1776.
Maria Isabel de Bragança nascida em Queluz 12 de dezembro de 1776 e morta em Lisboa em 14 de janeiro de 1777.
0 comments
Sign in or create a free account